São Paulo, SP
A recente desaceleração da inflação em janeiro foi impulsionada por um fenômeno atípico: a distribuição de parte do lucro da Usina de Itaipu, realizada a pedido do governo. Este desconto na conta de luz resultou em uma queda do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que passou de 0,52% em dezembro para apenas 0,16% em janeiro. Sem essa intervenção, a expectativa era de um aumento superior a 0,7%, segundo economistas.
De acordo com análises do mercado, a distribuição do bônus teve um impacto negativo de 0,62 ponto percentual na categoria de energia do IPCA. Sem essa deflação, o índice teria registrado uma alta de 0,78% em janeiro, correspondendo à soma proporcional do impacto do bônus.
A economista-chefe de uma instituição financeira local estimou que, na ausência do bônus, a inflação teria alcançado 0,71% no último mês. Outros especialistas projetam que o IPCA poderia variar entre 0,75% e 0,8%, indicando que a inflação ainda permanece sob pressão e deverá se intensificar em fevereiro.
“Os serviços relacionados à mão de obra, que refletem o ciclo econômico, continuam apresentando índices elevados, sinalizando uma situação qualitativa ainda preocupante”, afirmou um economista influente.
Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada está em 4,56%, ligeiramente acima do teto da meta estipulada pelo Banco Central, que é de 4,5%, mas abaixo da expectativa de 4,58% do mercado.
A análise do cenário econômico sugere que o Banco Central deverá manter uma postura cautelosa em relação à política monetária. A trajetória atual da inflação requer uma atuação firme das autoridades monetárias, sem mudanças no plano de ação previamente estabelecido.
As previsões de mercado indicam que a taxa Selic pode continuar a subir, com a expectativa de que chegue a 15% até o final do ano. Para o IPCA, a projeção anual é de um aumento de 5,58%.