Um turista americano morreu e sua namorada ficou ferida durante um acidente em uma caverna de gelo em uma das maiores áreas protegidas da Europa no mês passado. O trágico episódio ocorreu na Islândia, onde um arco congelado desabou enquanto estavam em um passeio turístico.
Embora o acidente não possa ser diretamente atribuído à mudança climática, especialistas alertam que o aumento das temperaturas está levando ao recuo das geleiras e ao surgimento de um fenômeno conhecido como “turismo da última chance”. Assim, os destinos gelados, como a Islândia, estão atraindo um número crescente de aventureiros.
Cerca de meio milhão de turistas visitam a Islândia anualmente para participar de passeios em geleiras, conforme ressaltou um guia de turismo local. O casal estava explorando a base da geleira Breidamerkurjokull, famosa por suas impressionantes cavernas de gelo com paredes azuis, quando o acidente ocorreu.
Após o incidente, as autoridades islandesas decidiram suspender temporariamente os passeios em cavernas de gelo enquanto uma revisão dos procedimentos de segurança está em andamento.
Especialistas sublinham que a instabilidade das geleiras, acentuada por condições climáticas extremas, pode apresentar riscos adicionais aos visitantes. O aumento do derretimento do gelo torna as formações glaciais vulneráveis a desmoronamentos, e a morena — o acúmulo de rochas e solo deixado pela geleira — pode ficar instável, aumentando o risco de deslizamentos de terra.
Os operadores turísticos estão implementando estratégias de adaptação, como melhorias nas trilhas, construção de pontes e instalação de corrimãos. Em algumas situações, cobertores isolantes são utilizados sobre o gelo para retardar o derretimento, especialmente em áreas próximas às cavernas de gelo.
Essas cavernas têm ganhado popularidade, mas a instabilidade causada pelo calor extremo pode comprometer sua integridade. O turismo em geleiras, que outrora se concentrou no inverno, agora também se espalha pelo verão, à medida que as temperaturas sobem devido ao aquecimento global.
Com o aumento no número de visitantes, cresce também a possibilidade de acidentes. Profissionais do setor afirmam que, enquanto mais pessoas buscam experiências em geleiras, os riscos aumentam devido à instabilidade das formações glaciais.
Embora guias turísticos confiem em sua experiência para avaliar a segurança das geleiras, a mudança climática dificulta essas avaliações. Eventos inesperados, que poderiam ter sido evitados no passado, demandam que estruturas de alerta precoce e planos de emergência sejam considerados.
Operadores de turismo na América do Norte também relatam a necessidade de mudar seus itinerários devido ao derretimento acelerado das geleiras. Com a contínua diminuição das formações de gelo, muitos profissionais apontam que essa tendência pode ter um período de validade e eventos climáticos extremos podem impactar o turismo de maneira significativa nos próximos anos.
Os turistas estão cada vez mais conscientes dos efeitos da mudança climática, levando muitos a levar seus filhos para ver as geleiras, reconhecendo que eles podem ser a última geração a testemunhá-las.
