Uma cena de intensa controvérsia ocorreu durante a última coletiva de imprensa do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, quando o jornalista americano Sam Husseini foi removido à força do local, levantando questões sobre a liberdade de expressão.
Husseini, juntamente com outros jornalistas independentes críticos do apoio dos EUA a Israel, interrompeu repetidamente Blinken durante a coletiva, que abordava as ações da diplomacia americana em relação ao conflito na Faixa de Gaza.
Após a recusa de Blinken em responder às perguntas de Husseini, este continuou a interromper o secretário, levando seguranças a agir e arrastá-lo para fora da sala. Durante a remoção, Husseini gritou: “Criminoso! Por que você não está em Haia?”, referindo-se à sede do Tribunal Penal Internacional, que julga crimes de guerra.
O governo Biden, próximo de seu término, ficará marcado por seu apoio inquebrantável a Israel durante o conflito, mesmo após o número de palestinos mortos em bombardeios israelenses ultrapassar as dezenas de milhares. Organizações como a Anistia Internacional e governos, incluindo o da África do Sul, acusaram Israel de genocídio.
Desde o início do conflito em 7 de outubro de 2023, a administração Biden tem atuado como apoiadora diplomática e militar de Israel, enviando significativo equipamento militar, incluindo o maior porta-aviões do mundo, liberando bilhões em ajuda militar e bloqueando votações na ONU que exigiam um cessar-fogo.
Durante a coletiva, o jornalista Max Blumenthal questionou Blinken sobre a continuidade do envio de armamentos, mesmo após um suposto acordo de cessar-fogo em maio de 2024. A alusão era à semelhança do cessar-fogo anunciado em 15 de novembro ao que foi sugerido a Israel anteriormente. Críticos acusam Biden e Blinken de não exercerem a pressão que Washington poderia para forçar o primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu a aceitar o acordo na época. Blumenthal também foi expulso da sala.
Após a saída dos jornalistas, Blinken respondeu a perguntas de outros repórteres. Quando indagado se mudaria sua abordagem nas negociações com Israel, o secretário afirmou que as ações do país aliado eram uma resposta ao que sua população desejava “depois do trauma de 7 de outubro”, enfatizando que os EUA não poderiam desconsiderar esse fato.
Blinken também mencionou que o governo Biden não pôde determinar se as ações israelenses constituem violações do direito internacional devido à suposta interferência do Hamas na população civil. Especialistas salientam que a conduta do grupo não exime as Forças Armadas israelenses da responsabilidade de minimizar danos a civis e infraestrutura. “Há centenas de investigações em andamento em Israel”, concluiu Blinken. “Eles possuem procedimentos, e lá prevalece o estado de direito. Isso define uma democracia.”