O general do Exército, Guido Amin Naves, indicado como futuro ministro do Superior Tribunal Militar (STM), expressou preocupação com os “tempos instáveis” que o Brasil enfrenta atualmente, enfatizando o compromisso da corporação com a legalidade.
A declaração ocorreu durante a cerimônia de despedida de Amin do Comando Militar do Sudeste, realizada no Círculo Militar de São Paulo, nesta terça-feira (17).
Ao abordar a situação, Amin destacou: “Temos uma série de questões envolvendo os três Poderes, e o Exército, como instituição do Estado, enfrenta angústia em relação aos rumos que as coisas podem tomar.” Ele comentou sobre os “momentos incertos e desafiadores” presentes no país.
O general reforçou que, como uma instituição que valoriza a legalidade e a institucionalidade, isso representa um processo de amadurecimento da sociedade. “São necessárias condutas de alto caráter moral para tomar decisões nesse contexto,” acrescentou.
Durante seu discurso, Amin também agradeceu ao comandante do Exército, general Tomás Paiva, por sua indicação ao Comando do Sudeste.
A cerimônia também marcou a posse do novo comandante, General de Exército Pedro Celso Coelho Montenegro, que optou por um discurso mais protocolar, sem menção ao cenário político atual.
Assessores militares orientaram os jornalistas a se concentrarem apenas nas questões relacionadas à posse de Montenegro e à despedida de Amin, encerrando a coletiva em caso de perguntas sobre outros temas.
No último sábado (14), a Polícia Federal prendeu o general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro do governo anterior e candidato a vice em 2022. A prisão visava evitar a interferência do general em investigações sobre uma possível trama golpista.
Denúncias sobre tentativas de interferência nas investigações vêm sendo levantadas desde setembro de 2023, após o tenente-coronel Mauro Cid firmar um acordo de colaboração premiada no STF.
Cid afirmou, em depoimento, que Braga Netto contatou seu pai, o general Mauro Lourena Cid, em busca de informações sobre sua colaboração.
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, indicou que a documentação da Polícia Federal contém “provas suficientes de autoria e materialidade dos crimes graves.” Ele afirmou que a prisão preventiva de Braga Netto é crucial para a manutenção da ordem pública e para a aplicação eficaz da lei penal.
Frente à intensificação das investigações sobre a tentativa de golpe, a cúpula do Exército está trabalhando para distanciar Braga Netto da instituição.
Após a cerimônia, um almoço de confraternização reuniu militares, onde houve discussões entre aqueles a favor e contra a prisão. Participantes de patentes mais altas ressaltaram que o general tem direito à defesa, mas afirmaram que qualquer ação que desrespeite o estado de direito é inaceitável.