Ex-ministros de diferentes administrações começaram uma mobilização para engajar a classe política e os eleitores em um esforço para isolar a direita radical nas eleições de 2026. Eles pretendem interromper o que caracterizam como a extorsão do Orçamento pelo Congresso através de emendas.
O movimento lançou o manifesto “Vamos em Frente”, que até agora acumulou 83 assinaturas. Entre os apoiadores encontram-se ex-ministros de diversos governos, reforçando a proposta como uma ação coletiva.
Os organizadores do manifesto afirmam buscar uma diversidade ideológica. Desenvolvido nos últimos quatro meses, o documento também recebeu o apoio de membros da sociedade civil, acadêmicos e empresários. A adesão ao manifesto continuará aberta através de uma plataforma dedicada, que visa ampliar sua repercussão.
A principal crítica do manifesto se concentra na influência de grupos oligárquicos no Congresso, que, segundo os signatários, estão comprometidos em desvio de recursos públicos para benefício próprio.
Dados indicam que emendas parlamentares ocupam até 74% do orçamento dos ministérios, refletindo um descontrole nos gastos que compromete a relação institucional entre os poderes.
“Nosso objetivo é restaurar a dignidade do Congresso Nacional”, afirma um dos líderes do movimento, enfatizando a urgência da ação coletiva.
A proposta é que o campo democrático se comprometa a não fazer alianças com partidos associados à direita autoritária e à extrema direita, além de repudiar qualquer associação que vise a imposição de regimes ditatoriais.
O grupo se posiciona contrariamente à ideia de apoiar qualquer candidato à presidência, concentrando esforços na unidade em nível nacional e estadual, a fim de garantir a democracia e os princípios da Constituição de 1988. A ênfase principal, segundo os organizadores, é modificar a composição do Parlamento.
Embora o manifesto não mencione nomes específicos, críticas indiretas são dirigidas ao governo anterior, referente ao excesso de déficits fiscais e ao desmantelamento de políticas públicas. Para os autores, esse legado precisa ser resistido.
O consenso entre os apoiadores é que o fortalecimento da democracia só será alcançado por meio de um campo político unificado que distingue claramente entre democracia e ditadura, estabelecendo bases para futuras frentes eleitorais.
Os organizadores do manifesto pretendem expandir a mobilização para outras regiões, visando a um movimento nacional. “É um convite a todas as instituições que defendem a democracia em busca de uma solução consensual para a atual situação”, conclui um dos ex-ministros.
O manifesto busca também estabelecer um diálogo entre diferentes visões democráticas, com o intuito de encontrar pontos de convergência para novas iniciativas políticas já nas próximas eleições de 2026.
As assinaturas do manifesto foram coletadas em ordem de adesão, com a mais recente sendo a de um ex-ministro que também presidiu o Supremo Tribunal Federal.
O sociólogo envolvido no movimento enfatiza a importância de unir democratas ao redor de valores inegociáveis e destaca a necessidade de enfrentar desafios como desigualdade, educação e segurança pública.
“Para avançar, precisamos de inovação e de um forte compromisso, sem concessões a qualquer ideologia”, conclui o sociólogo, reforçando que a luta contra a ditadura permanece relevante.