No próximo sábado (18), o Teatro Renaissance receberá a estreia da peça “Visitando o Sr. Green”, que explora as complexidades do amor e da amizade entre homens de gerações distintas. A obra, escrita pelo dramaturgo americano Jeff Baron, é uma reflexão profunda sobre como amor e ódio coexistem na psique humana, alinhando-se ao conceito de “amódio”, introduzido pelo psicanalista francês Jacques Lacan. O amor, segundo Baron, se manifesta não como uma oposição ao desprezo, mas à indiferença.
Com uma narrativa que se desenrola a partir de um acidente de trânsito no qual o jovem empresário Ross, interpretado por Johnny Massaro, atropela o ortodoxo Sr. Green, vivido por Elias Andreato, a peça leva os espectadores a um confronto emocionante entre diferentes visões de mundo. A trama se torna ainda mais intensa quando Ross revela sua identidade como gay e judeu, desafiando as crenças tradicionais de Sr. Green.
A peça questiona as interações e admirações que surgem nas relações formadas entre os personagens, refletindo a natureza multifacetada do amor e suas interdições, especialmente em contextos de preconceito. O diretor Guilherme Piva destaca as diferentes abordagens dos atores: Massaro traz uma energia contemporânea, enquanto Andreato revela a evolução de seu personagem ao longo da narrativa.
“Visitando o Sr. Green” já foi encenada em 50 países, ganhando aclamação internacional por sua capacidade de tocar em temas universais de amor e preconceito. Andreato, que trouxe a peça para o Brasil há quase 30 anos, menciona que a obra continua relevante, especialmente em um tempo em que o preconceito é cada vez mais evidente na sociedade.
A trajetória de Massaro é notável; ele passou de um papel de nerd na televisão para se tornar um verdadeiro sex symbol no teatro. Apesar do sucesso, o ator mantém uma posição humilde sobre sua imagem, reconhecendo a efemeridade da fama. “Espero surfar essa onda enquanto ela existir”, diz ele, refletindo sobre os desafios do envelhecimento em um mercado de trabalho que pode ser implacável.
A peça promete envolver o público em uma montanha-russa emocional, à medida que os personagens enfrentam suas diferenças, demonstrando que a luta contra o preconceito e a busca pela compreensão são atemporais. “O que um assassino está fazendo no meu apartamento?” é apenas uma das muitas perguntas provocativas que surgem na trama, engajando o público em discussões relevantes sobre aceitação e amor.
Com uma abordagem que conversa diretamente com o público contemporâneo, “Visitando o Sr. Green” reafirma a importância do teatro como meio de reflexão e transformação social, mostrando que mesmo em tempos de desentendimentos, o esforço de se comunicar é um ato fundamental de amor.