A ameaça da pós-verdade está em ascensão. Fechar instituições de memória, deslegitimar pesquisadores e destruir documentos são táticas sugeridas para remodelar a narrativa histórica, mesmo que isso envolva a disseminação de informações falsas. Nesse cenário, há sempre quem acredite e propague essas versões alternativas. Recentemente, declarações absurdas sobre Hitler e sua suposta filiação comunista têm circulado, destacando a fragilidade da verdade histórica.
O presidente argentino Javier Milei, um ano após assumir o poder, continua a rejeitar fatos históricos, como a responsabilidade da ditadura pelo desaparecimento de 30 mil pessoas. Suas ações vão além de negações em redes sociais; ele busca ativamente reescrever a memória nacional.
Cortes drásticos em recursos ameaçam o funcionamento do Centro de Memória Haroldo Conti, afetando atividades de pesquisa em museus e institutos de direitos humanos que ocupam áreas históricas de repressão durante o regime militar argentino.
No Brasil, situações semelhantes emergem com preocupantes desdobramentos. Documentos críticos sobre a repressão histórica estão em estado crítico, segundo denúncias de ex-diretores do Arquivo Público do Rio de Janeiro. Essa instituição, que abriga registros desde os anos 1930, enfrenta problemas de infraestrutura e falta de funcionários, um indicativo claro de desinteresse governamental na preservação da memória histórica.
Enquanto isso, lideranças políticas comemoram conquistas individuais, mas ignoram a relevância de um passado recente que ainda ecoa no presente, levantando questões sobre o verdadeiro orgulho nacional e a responsabilidade histórica.