O ano de 2024 marca o início da era de exploração lunar comercial pelos Estados Unidos, destacando-se a primeira missão bem-sucedida que trouxe amostras do hemisfério oculto da Lua, realizada pela missão Chang’e 6 da China.
Essa dinâmica ilustra a crescente competição entre as duas maiores potências espaciais do século 21, EUA e China, que estão cada vez mais focadas no retorno à Lua após décadas de inatividade.
Os EUA adotaram uma abordagem inovadora, envolvendo o setor privado na criação de módulos de pouso robóticos acessíveis, com a NASA atuando como uma das clientes desse novo modelo de exploração lunar.
Em contraste, a China mantém seu programa lunar estatal, que está se preparando para missões tripuladas até 2030, com a CNSA como agente executor.
Essa competição entre abordagens tradicionais e modernas resulta em aventuras emocionantes: enquanto o antigo modelo garante resultados seguros e visíveis, o novo busca superar obstáculos, apontando para um futuro promissor.
Duas missões lunares americanas fizeram história: a Peregrine da Astrobotic enfrentou um vazamento de combustível, impedindo sua alunissagem, enquanto a Odysseus da Intuitive Machines tornou-se a primeira missão privada a realizar um pouso suave na Lua, apesar de ter tombado durante a descida; suas cargas úteis funcionaram normalmente perto do polo sul lunar.
A missão chinesa Chang’e 6, lançada em maio, operou com precisão e trouxe cerca de 2 kg de amostras da bacia do Polo Sul-Aitken, revelando segredos fascinantes do hemisfério oculto lunar, distintos do lado visível da Terra.
Janeiro também foi um marco para o Japão, que conseguiu o primeiro pouso suave de uma sonda robótica na Lua em 19 de janeiro com a Slim, uma missão que demonstrou técnicas de descida avançadas e resistiu a temperaturas extremas, tornando o Japão o quinto país a alcançar tal feito, juntando-se aos EUA, Rússia, China e Índia.
NOVOS FOGUETES
2024 também se destacou por testes de novos lançadores. A United Launch Alliance teve sucesso com seu foguete Vulcan em janeiro, proporcionando uma alternativa para lançamentos militares, caso ocorram problemas com os lançadores atuais.
Os europeus retornaram ao mercado de lançamentos com o Ariane 6, desenvolvido pela Arianespace, que alcançou a órbita em julho, apesar de um desafio no segundo estágio que ainda está em fase de validação.
O foguete mais comentado do ano foi o Starship, da SpaceX, que realizou quatro voos em 2024, após dois no ano anterior. Essas missões comprovaram a confiabilidade dos estágios de lançamento e, em uma delas, em 13 de outubro, foi feita a recuperação do primeiro estágio – uma conquista inigualável.
A NASA planeja usar o Starship para a missão Artemis 3, que será o primeiro pouso lunar tripulado deste século em 2027.
A China, por sua vez, está desenvolvendo o Longa Marcha 10, que deve decolar em 2027, além de ter realizado o primeiro voo do Longa Marcha 12 em novembro, expandindo suas capacidades lançadoras.
Além disso, a China incentivou o surgimento de startups espaciais, destacando-se o sucesso do foguete Gravity-1, da Orienspace, que alcançou a órbita em seu voo inaugural, visando atender à demanda de satélites em grande escala.
A Boeing também fez história ao se tornar a segunda empresa a lançar astronautas ao espaço, embora a missão da cápsula Starliner tenha enfrentado falhas, resultando no retorno vazio, mas com reentrada planejada. O futuro do projeto permanece incerto, com a NASA contando com a SpaceX para a próxima missão em fevereiro.
PARA ALÉM DA LUA
2024 foi marcado por avanços em missões interplanetárias. A Europa Clipper, da NASA, que explora Júpiter, foi lançada em outubro, com previsão de chegar ao seu destino em 2030, investigando a habitabilidade de Europa, uma de suas luas, que possui um oceano sob a superfície congelada.
A Agência Espacial Europeia (ESA) também lançou a missão Hera, em outubro, para estudar o asteroide duplo Dídimo, e sua chegada está prevista para dezembro de 2026.