JOSUÉ SEIXAS
MACEIÓ, AL
Uma profissional baiana de receptivo, conhecida por usar trajes típicos e receber turistas na Bahia, afirmou ter sido acusada de furto por uma turista argentina na última sexta-feira (28), na Praia do Forte, em Mata de São João. Em um ato de desespero, ela entrou em uma loja e removiu todas as suas roupas para demonstrar que era inocente.
Jucione Costa Silva, 48 anos, denunciou que a situação foi exacerbada por racismo, o que a fez perder a capacidade de trabalhar desde então. De acordo com sua declaração, a turista e seu marido solicitaram fotos com ela, que oferece esse serviço por R$ 25.
Quando a turista não conseguiu encontrar sua carteira para efetuar o pagamento, ela imediatamente acusou Jucione de furto.
A Polícia Civil da Bahia confirmou ter registrado um Termo Circunstanciado de Ocorrência contra uma mulher de 53 anos, sob suspeita de calúnia.
“Quando a carteira desapareceu, o marido sugeriu que ela a tivesse deixado em uma das lojas. Após não encontrar, ela retornou furiosa, alegando que eu havia roubado sua carteira. Ela começou a gritar ‘ladrona’ e pediu que ninguém tirasse fotos comigo. Fiquei extremamente assustada e, para provar minha inocência, entrei na loja, tirei toda a minha roupa, mas mesmo assim ela insistiu que eu escondi a carteira no meu traje. Fiquei só de calcinha e sutiã para que visse que não tinha nada”, contou Jucione.
Quando a turista percebeu que Jucione não tinha a carteira, resolveu deixar a loja. Nesse momento, Jucione pediu ajuda e solicitou a presença da polícia. A carteira foi localizada em uma das lojas visitadas pela turista durante seu passeio.
“Esse é mais um episódio preocupante que enfrentamos como trabalhadores negros no cotidiano. Pedi a polícia para conter a visitante, já que não iria sair por aí sendo rotulada de ‘ladrona’, especialmente depois que a carteira foi encontrada na loja. Na delegacia, o casal me ofereceu R$ 250 para que eu esquecesse o ocorrido e, em seguida, tentaram que eu falasse com um amigo deles, um brasileiro, para também tentar me persuadir a desistir da situação, mas recusei”, afirmou.
Jucione expressou que está traumatizada e não voltou a trabalhar desde o incidente. “Sinto-me muito abatida e sem dinheiro, pois precisamos trabalhar para viver. Meu desejo agora é por justiça”, concluiu.