SÃO PAULO, SP – A aprovação do presidente Lula (PT) viu uma queda drástica, passando de 35% para 24% em apenas dois meses, atingindo um nível inédito em seus três mandatos. A taxa de reprovação também alcançou um novo recorde, subindo de 34% para 41%.
De acordo com pesquisa recente, 32% dos entrevistados consideram o governo regular, uma leve alta em comparação aos 29% registrados em dezembro passado. A pesquisa ouviu 2.007 eleitores em 113 cidades nos dias 10 e 11, apresentando uma margem de erro de dois pontos percentuais.
Essa queda acentuada revela o impacto das crises enfrentadas pelo governo, com destaque para a polêmica em torno do Pix. A crise começou em janeiro, quando foi anunciado que o governo passaria a fiscalizar transações acima de R$ 5.000. A oposição rapidamente questionou a medida, levando a uma onda de desinformação, sugerindo que haveria uma taxação do sistema de pagamentos instantâneos. Isso forçou a equipe do ministro da Fazenda a revogar a determinação.
Lula atribuiu a debacle à comunicação de seu governo, promovendo uma troca na equipe responsável. Apesar das mudanças, os problemas de imagem persistem.
A inflação alimentar continua sendo uma preocupação central, e comentários infelizes do presidente, como o de sugerir que as pessoas deixem de comprar alimentos caros, foram rapidamente explorados pela oposição, causando uma repercussão negativa.
Esses fatos resultaram na pior avaliação de Lula desde que assumiu a presidência. Em seus primeiros dois mandatos, sua popularidade já havia enfrentado crises, mas os índices atuais são alarmantes, com um histórico de 28% de aprovação em momentos críticos anteriores.
O atual mandato, que começou em 2023, havia mostrado uma certa estabilidade nas avaliações, com uma média de 36% de aprovação. Entretanto, os números recentes refletem uma deterioração significativa.
Comparando com seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL), Lula enfrenta um desafio semelhante em sua popularidade, com ambos os presidentes apresentando taxas de reprovação próximas neste estágio de seus mandatos. No entanto, Bolsonaro tinha uma aprovação ligeiramente superior.
A pesquisa revela que a desaprovação de Lula não se limita a seus opositores, mas também cresce em segmentos tradicionalmente favoráveis ao petismo, acendendo um sinal de alerta no Palácio do Planalto. A aprovação entre aqueles que ganham até dois salários mínimos caiu de 44% para 29%, representando uma amostra significativa da população.
Na parcela de eleitores com ensino fundamental, a aprovação caiu 15 pontos percentuais, indicando uma fragilidade crescente em sua base de apoio. Até mesmo no Nordeste, historicamente um bastião do petismo, houve uma redução na aprovação, que passou de 49% para 33%.
Entre os eleitores que votaram em Lula no segundo turno contra Bolsonaro, a aprovação caiu 20 pontos, com um aumento quase equivalente na desaprovação.
Os dados evidenciam um saldo positivo apenas entre os menos escolarizados e na região Nordeste. Em contraste, as faixas de renda superiores mostram indicadores negativos alarmantes, sinalizando uma possível alienação do eleitorado mais abastado.
A pesquisa não faz previsões eleitorais, mas certamente alimenta o debate interno sobre as perspectivas de Lula para 2026. Outros levantamentos sugerem que, apesar das dificuldades, ele ainda é considerado favorito, embora o impacto a longo prazo da atual desaprovação ainda seja incerto.
O presidente tem adotado uma postura cautelosa, afirmando que irá se candidatar no próximo ano, desde que goze de boa saúde, enquanto tenta desmascarar as fake news que proliferam sobre seu governo.
A oposição, por sua vez, já começou a se movimentar, com possíveis candidatos como o governador de São Paulo e representantes do bolsonarismo buscando estabelecer relevância no cenário político, enquanto Bolsonaro permanece inelegível até 2030.