A memória humana é frequentemente considerada apenas uma capacidade boa ou ruim. Contudo, indivíduos podem ter habilidades distintas; enquanto alguns lutam para recordar nomes e rostos, podem ser excepcionais em aprender idiomas. Outros podem se lembrar de eventos passados em detalhes, mas têm dificuldade com números como telefones.
Essas aparentes contradições refletem a complexidade da memória, que é composta por vários sistemas e suportada por estruturas neurobiológicas variadas, dependendo do tipo de aprendizado.
Por exemplo, adquirir um novo idioma ativa diferentes mecanismos cerebrais se comparado ao aprendizado de informações científicas, dificultando a formulação de estratégias de memorização eficazes em ambientes educacionais.
Este artigo explora a memória declarativa, que se refere a informações acessíveis conscientemente, como fatos, datas, nomes e eventos.
Estratégias de Memória e Mnemônica
Pesquisas com especialistas em memorização demonstraram que, apesar da influência genética na capacidade de recordar informações, é possível aprimorar essa habilidade por meio de técnicas mnemônicas amplamente reconhecidas.
Essas técnicas geralmente envolvem a criação de imagens mentais ou estratégias verbais, que demandam treinamento significativo. Métodos de visualização, como a técnica dos loci, por exemplo, conectam itens a serem lembrados a locais específicos. Para memorizar uma lista de compras, você pode imaginar sua rota para o trabalho e associar itens a diferentes pontos ao longo do caminho.
Dados de pesquisas indicam que especialistas em memorização ativam áreas cerebrais ligadas ao processamento espacial durante essas tarefas, evidenciando a eficácia das estratégias mnemônicas baseadas em princípios fundamentais como:
- Relacionar novas informações a conhecimentos pré-existentes.
- Armazenar informações junto a rotas para recuperá-las eficientemente.
- A prática contínua é indispensável para uma memória afiada.
Estudos sugerem que, assim como é possível treinar alguém para memorizar 67.890 dígitos do número pi, técnicas de memorização podem ser aplicadas para impulsionar o aprendizado nas escolas. No entanto, a implementação dessas técnicas na vida cotidiana apresenta limitações, sendo mais viável para aprender listas, como planetas ou elementos químicos, do que para ideias mais complexas.
Codificação de Memórias e Redes de Conhecimento
Diante das limitações nas técnicas de memorização, é fundamental explorar outras abordagens para melhorar a memória, focando em como os processos de memorização funcionam e aplicando os princípios das estratégias mnemônicas.
A formação de memórias inicia-se com a percepção, catalogação e codificação da informação no cérebro. O mais crucial no aprendizado de novas informações não é o desejo de aprender, mas o manejo das informações recebidas.
Processar a informação de modo a relacioná-la a conhecimentos já existentes facilita a memorização. Associar fatos, como a eleição do primeiro presidente dos Estados Unidos, a eventos históricos conhecidos, como a Revolução Francesa, promove o que os pesquisadores chamam de codificação semântica.
A recuperação de memórias é tão essencial quanto a codificação. Muitas vezes, podemos saber algo, mas não conseguimos acessá-lo, como quando o nome de alguém parece escapar de nossa memória. Para um treinamento de memória ser eficaz, é vital armazenar dicas que ajudem na recuperação dessa informação.
Conhecendo sua Própria Memória
Nos ambientes escolares, a abordagem mais eficaz não é apenas ensinar técnicas de memorização, mas sim educar os alunos sobre como suas memórias funcionam. Geralmente, quanto mais conhecimento acumulam e mais praticam técnicas eficazes de memorização, mais fácil será para eles adquirir novos conhecimentos.
Além disso, é crucial que os educadores ensinem as estratégias de estudo mais apropriadas para diferentes conteúdos e avaliações, enfatizando sua aplicação flexível.