O renomado autor Yuval Noah Harari traz um alerta sobre um futuro inquietante em seu novo livro, “Nexus: Uma Breve História das Redes de Informação, da Idade da Pedra à Inteligência Artificial”, que será lançado globalmente nesta terça-feira (3).
De acordo com Harari, a humanidade está acelerando o desenvolvimento da inteligência artificial sem uma estratégia clara para controlá-la.
Ele observa que “a IA é a tecnologia mais poderosa já criada, pois é a primeira que pode tomar decisões. Diferente de uma bomba atômica, que não pode decidir seu alvo, uma IA tem a capacidade de escolher e até criar novas armas.” Harari, que vendeu 45 milhões de cópias de suas obras anteriores, defende que é essencial regular a IA, assim como fazemos com produtos e veículos.
Por que escrever sobre tecnologia e inteligência artificial?
Harari esclarece que seu livro é uma exploração da história das redes de informação e não apenas sobre IA. Ele busca entender como revoluções informáticas anteriores moldaram a sociedade e suas consequências.
Ele menciona exemplos históricos significativos, como o impacto da invenção do livro e da imprensa, e como esses avanços provocaram tumultos sociais e conflitos.
Através de sua análise, Harari propõe que um entendimento histórico é crucial para compreender a interação entre tecnologia e seres humanos, principalmente à medida que a IA evolui.
Apesar do volume crescente de informações e do avanço tecnológico, Harari alerta que a humanidade enfrenta sérios riscos, como autoextermínio devido ao aquecimento global e conflitos. Ele enfatiza que “informação não é conhecimento; a maioria das informações disponíveis é irrelevante.” Ele acredita que estamos cercados por um excesso de dados que envenenam nossas sociedades e mentes, devido à prevalência de conteúdo sensacionalista que prioriza emoção sobre a verdade.
Como regular a tecnologia da informação?
Harari argumenta que nenhuma entidade deve detentar autoridade total sobre a informação. A regulação deve ser distribuída entre diferentes setores — governos, corporações, tribunais e organizações independentes — em um esforço para garantir que os mesmos padrões de segurança aplicáveis aos produtos e veículos se estendam aos algoritmos de IA.
Ele adverte sobre os perigos da IA em mãos erradas, especialmente em regimes autoritários, onde a tecnologia pode ser usada para criar sistemas de vigilância total. Na visão dele, o futuro pode permitir que ditadores controlem populações inteiras de maneira mais eficiente do que antes.
Qual a importância de mecanismos de autocorreção na IA?
Harari enfatiza a necessidade da criação de instituições regulatórias que possam rapidamente identificar e responder a problemas, garantindo que a IA seja usada de maneira segura e ética. Ele refuta a ideia de que a regulamentação prejudicaria o progresso, argumentando que, assim como ao aprender a dirigir, é fundamental saber como frear antes de acelerar.
RAIO-X | Yuval Noah Harari, 48
Nascido em Israel, Harari é professor na Universidade Hebraica de Jerusalém e possui doutorado pela Universidade de Oxford. Autor de best-sellers internacionais, suas obras foram traduzidas para 65 idiomas.