Em um vídeo recente, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que a torcida do Botafogo deve agradecê-lo pelos títulos conquistados em 2024, em vez de reconhecer o empresário envolvido na gestão do clube. O debate sobre a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) é essencial para esclarecer o papel real de Bolsonaro em relação ao sucesso de clubes que adotaram esse modelo, como o Botafogo, e se ele também deve ser responsabilizado pelos fracassos, como o do Vasco da Gama.
A SAF foi estabelecida no Brasil pela Lei 14.193/2021, proposta pelo senador responsável que articulou e trabalhou com juristas para tornar o modelo viável. O Congresso Nacional debatou e aprimorou a proposta antes de enviá-la ao Executivo para sanção, que foi um gesto formal por parte de Bolsonaro, que teve uma participação passiva no processo legislativo.
É importante destacar que a criação de leis não é competência do Executivo. O presidente pode sugerir políticas, mas a formulação de leis depende exclusivamente do Congresso Nacional. Um exemplo prático é a atual situação na Argentina, onde o presidente está enfrentando resistência para implementar um modelo semelhante à SAF, mostrando que a aprovação depende de um consenso legislativo, reforçando a ideia de que Bolsonaro não deve se autoproclamar autor da lei brasileira.
E o fracasso do Vasco?
Se Bolsonaro afirma que o sucesso do Botafogo é mérito seu, então é justo que ele também assuma a responsabilidade pelo insucesso da SAF do Vasco. Embora o Vasco tenha adotado um caminho semelhante ao do Botafogo, suas circunstâncias foram drasticamente diferentes. Enquanto o Botafogo se fortaleceu e competiu por títulos, o Vasco enfrentou sérias dificuldades, incluindo falta de investimentos e má gestão, culminando na luta contra o rebaixamento.
O sucesso da SAF no Botafogo deve-se à gestão eficaz e à estruturação do clube, enquanto o fracasso no Vasco pode ser atribuído a questões de administração e condução inadequada. Não há comprovação de que Bolsonaro tenha influência direta sobre esses fatores. A verdadeira história está nas ações e decisões tomadas dentro de cada clube.