Na eleição em São Paulo, não ocorreu o esperado confronto entre Luiz Inácio da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), que poderia ter se desenrolado no segundo turno. Assim como na revolução de 1930 em Itararé (SP), a esperada batalha não aconteceu.
Com o tempo, por razões variadas e algumas ainda obscuras, tanto o presidente quanto o ex-presidente se distanciaram dos papéis de protagonistas em um embate direto. Uma explicação otimista para essa escolha poderia ser a intenção de evitar a atmosfera tóxica do ambiente político. No entanto, uma análise mais realista sugere que ambos têm consciência dos riscos envolvidos em uma disputa tão acirrada e imprevisível, onde a possibilidade de compartilhar a derrota se torna uma preocupação significativa.
Em caso de vitória, o prêmio seria meramente o título de tutor do prefeito da maior cidade do país, o que se mostra um atributo de relevância efêmera, considerando a falta de influência direta das eleições municipais nas eleições nacionais. Essa dinâmica é refletida na composição do Congresso, mas, indiretamente, pode impactar a situação do governo em dois anos e as alianças formadas a partir desse momento.
A campanha de Guilherme Boulos (PSOL), candidato apoiado pelo presidente, não teve o desempenho esperado entre as classes menos favorecidas, mesmo com a suposta influência de Lula e Marta Suplicy (PT). O cancelamento da participação do presidente em eventos programados para o último sábado (28), uma semana antes da eleição, indica um sinal de alerta. Lula só deverá viajar ao México no domingo (29).
Por parte de Ricardo Nunes (MDB), o afastamento de Bolsonaro ocorreu em virtude de uma reciprocidade. O ex-presidente se mostrou relutante em apoiar o prefeito, e a condução do pleito demonstrou que essa distância seria a melhor estratégia para evitar a rejeição associada ao ex-mandatário. Assim, o embate entre os dois foi adiado para um momento em que os custos da disputa sejam superados pelos benefícios potenciais.