Um tribunal nos EUA decidiu cancelar as acusações contra dois ex-policiais envolvidos no caso de Breonna Taylor, uma paramédica afro-americana que foi morta pela polícia em sua residência em Louisville, Kentucky, em 2020.
O juiz Charles Simpson determinou que a responsabilidade pela morte de Breonna recai sobre as ações de seu namorado, e não sobre os tiros disparados pelos policiais que a atingiram.
Joshua Jaynes e Kyle Meany, um detetive e um sargento da polícia de Louisville, enfrentavam acusações por supostamente mentirem ao obter um mandado de busca para o apartamento de Breonna, como parte de uma investigação sobre um antigo parceiro dela suspeito de tráfico de drogas. O mandado permitia que a polícia não tivesse que se identificar ao realizar a busca.
Três agentes invadiram o apartamento da paramédica após a meia-noite, surpreendendo Breonna e seu namorado, Kenneth Walker. Este, acreditando que estava sendo vítima de um assalto, disparou contra os policiais. Em resposta, os agentes dispararam 22 vezes, resultando na morte de Breonna, que estava desarmada. Nenhuma substância ilegal foi encontrada no local.
A morte de Breonna ocorreu meses antes do homicídio de George Floyd em Minneapolis, desencadeando protestos maciços contra a brutalidade policial e a injustiça racial nos Estados Unidos.
Jaynes e Meany enfrentaram acusações de violar os direitos civis de Breonna, incluindo o direito de não ser alvo de buscas sem justificativa. Procuradores federais argumentaram que, dado que essas ações resultaram em um fatalidade, tratava-se de crimes graves que poderiam resultar em pena de prisão perpétua.
No entanto, o juiz Simpson rejeitou os argumentos dos procuradores, acatando a defesa dos policiais para derrubar as acusações de crimes graves. Simpson afirmou que a invasão da casa de Breonna, mesmo que ilegítima, não foi a causa da sua morte.
O juiz destacou que “mesmo que a polícia tivesse um mandado válido, a invasão noturna teria assustado Walker, que dispararia sua arma, resultando no tiroteio.” Ele considerou que “a decisão de Walker de disparar, sem ter conhecimento de que se tratava de policiais, se torna a causa legal da morte de Breonna.”
Ainda permanecem acusações de violação dos direitos de Breonna contra os policiais, que agora são consideradas contravenções, com pena máxima de um ano de prisão. Além disso, os agentes também foram indiciados por supostas mentiras ao FBI durante a investigação sobre a morte de Breonna.