A recente operação da Polícia Federal resultou na prisão de Walter Braga Netto, general da reserva e ex-candidato a vice-presidente em uma chapa derrotada em 2022, marcando um novo episódio nas tentativas de esclarecer e responsabilizar indivíduos envolvidos em planos de golpe ao final do governo Jair Bolsonaro.
A repercussão desse evento em mais de 90 mil grupos de WhatsApp monitorados revelou um panorama de reações intensas, narrativas conflitantes e teorias da conspiração.
Dados indicam que a prisão de Braga Netto se tornou o tópico central do debate político.
Nos dias 13 e 14 de outubro, as menções ao presidente Lula e ao ministro Alexandre de Moraes caíram 28% e 20%, respectivamente, enquanto as referências ao general aumentaram impressionantes 2.697%.
Em termos gerais, Braga Netto representou 36% de todas as menções, ultrapassando Lula (32%), Bolsonaro (22%) e Moraes (8%). O tema atingiu 475 mil usuários nos grupos analisados, evidenciando a intensidade e o alcance da repercussão nas redes sociais.
Entre os grupos de esquerda, a prisão é celebrada como um feito histórico e irônico, especialmente por ocorrer no aniversário da ex-presidente Dilma Rousseff, logo após uma “Sexta-feira 13” com conotações simbolicamente petistas.
Nesses grupos, a narrativa é vista como uma “justiça poética”, reforçando a percepção de que a democracia está prevalecendo sobre práticas autoritárias.
Por outro lado, entre os apoiadores da direita e simpatizantes do bolsonarismo, estão presentes indignação e alegações de perseguição política.
Alguns afirmam que a prisão se trata de um “teatro” orquestrado por instituições consideradas “aparelhadas” – como o STF, a Polícia Federal e o governo Lula – com o intuito de desgastar Bolsonaro e sua coalizão, comprometendo a credibilidade da direita.
Teorias da conspiração também ganharam força, como alegações de participação do FBI na operação desde o 8 de janeiro e a desconfiança em relação a internações e cirurgias de Lula, consideradas “falsas”.
Enquanto a esquerda vê a detenção como um avanço no esclarecimento dos planos golpistas, setores da direita argumentam que a prisão de Braga Netto pode ser um passo em direção à detenção de Bolsonaro.
Essa expectativa aumenta a tensão, tanto para aqueles que esperam a responsabilização do ex-presidente quanto para os que temem um cerco jurídico potencial sobre o núcleo do bolsonarismo.
As mensagens trocadas clamam para que os apoiadores de Bolsonaro se mantenham firmes, promovendo hashtags e conteúdo favorável ao ex-presidente, rotulando cada ação institucional contrária a figuras da direita como “injustiça”.
A prisão do general é, assim, contextualizada como parte de uma luta contínua, na qual plataformas de mensageria desempenham um papel estratégico na mobilização e na disseminação de narrativas.
Esse ecossistema digital, que favorece a circulação de teorias da conspiração e acusações infundadas, exacerba a polarização e complica o debate público.
Portanto, o monitoramento constante das redes sociais e a cooperação com plataformas digitais são essenciais para mitigar os impactos dessas informações enganosas.
Ao adotar mecanismos de detecção e verificação de desinformação, é possível reduzir a exposição a conteúdos falsos e criar espaço para um diálogo mais construtivo baseado em fatos.