A Áustria testemunhou uma vitória sem precedentes da ultradireita em um recente pleito eleitoral, sinalizando um aumento do apoio a essas forças políticas na Europa. Essa vitória ocorre cinco anos após uma aliança entre conservadores e ecologistas que governou o país.
Nos últimos meses, nações como Holanda, França e Alemanha também relataram um fortalecimento de partidos radicais de direita, impulsionado pela insatisfação dos cidadãos em relação a questões como imigração e inflação.
O Partido da Liberdade da Áustria (FPO) é destacado por suas críticas à União Europeia e seu alinhamento com a Rússia, projetando-se com 29,1% dos votos, conforme as estimativas do instituto Foresight, publicadas após o fechamento das urnas.
Essa porcentagem coloca o FPO à frente do conservador Partido Popular Austríaco (OVP), que obteve 26,2%, e dos Social-Democratas de centro-esquerda com 20,4%. Outra pesquisa da Arge Wahlen também confirmou a liderança do FPO, com uma vantagem de quatro pontos percentuais.
Embora o FPO tenha conquistado a maior parte dos votos, não garantiu uma maioria absoluta, o que levanta dúvidas sobre sua capacidade de formar uma coalizão estável no governo. Especialistas acreditam que, mesmo com essa vitória, o partido pode não ter a quantidade necessária de cadeiras no Parlamento para estabelecer um governo.
Anteriormente, o FPO já havia feito parte do governo em 2000, porém essa participação foi marcada por protestos e sanções da União Europeia. Desde que Herbert Kickl assumiu a liderança em 2021, a popularidade do partido aumentou consideravelmente, com ele promovendo a campanha com slogans provocativos. “Desta vez será diferente. (…) Vamos vencer a eleição”, afirmou Kickl em um evento recente em Viena, onde teceu críticas às sanções da UE contra a Rússia e atacou o governo atual.
O atual premiê, Karl Nehammer, conhecido por suas políticas rígidas de controle da imigração, focou sua campanha na ideia de “estabilidade, em vez de caos”, e ao votar, reiterou a necessidade de impedir as “vozes radicais”, ressaltando a importância da estabilidade na Europa e o impacto da Guerra da Ucrânia.
Nehammer já afirmou que não deseja colaborar com Kickl, que se autodenomina o futuro “Volkskanzler” da Áustria, um termo historicamente associado a figuras polêmicas do passado.
Para evitar um governo liderado por Kickl, seria necessário formar um inédito bloco de três partidos, liderado pelo OVP, em colaboração com os social-democratas e possivelmente o partido liberal NEOS (A Nova Áustria).
A situação política é delicada, já que a popularidade dos conservadores caiu significativamente desde 2019, quando atingiram 37% de apoio popular. Os Verdes, aliados na coalizão, se encontram agora com apenas 8% nas pesquisas, quase a metade do que obtiveram em 2019.