O Papa Francisco apresentou “uma melhora verdadeiramente surpreendente” e retornou ao Vaticano neste sábado, 29, após passar cinco semanas internado devido a uma pneumonia dupla, conforme informado pelo médico que coordenou seu tratamento.
O médico Sergio Alfieri revelou que o pontífice está “muito animado” após sua visita na última quarta-feira, três dias após receber alta do Hospital Gamelli, em Roma. “Acredito que ele retornará, se não a 100%, a 90% de onde estava antes”, afirmou.
No domingo, 23, antes de deixar o hospital, o papa apareceu na sacada de seu quarto e cumprimentou a multidão de fiéis reunidos em frente ao hospital. Embora sua voz tenha falhado ao elogiar uma mulher com flores amarelas, ele conseguiu levantar parcialmente o braço para abençoar os fiéis, embora tenha perdido o fôlego ao retornar para o interior.
Alfieri informou que a voz do papa está recuperando força e já há uma diminuição da dependência de oxigênio suplementar. A capacidade limitada de movimentação do braço do líder católico está relacionada a um trauma não especificado anterior à internação, que exigirá tempo para recuperação.
Aos 88 anos, o papa foi hospitalizado em 14 de fevereiro após uma recorrente crise de bronquite que rapidamente evoluiu para uma pneumonia dupla e uma infecção respiratória polimicrobiana, que indica a presença de múltiplos agentes patológicos.
Durante sua internação, a equipe médica destacou a complexidade do estado de saúde do papa, considerando sua idade avançada e problemas de mobilidade, que exigiam o uso de cadeira de rodas, além da remoção parcial de um pulmão na juventude.
Alfieri mencionou que inicialmente não acreditava que o papa sobreviveria a uma crise respiratória aguda uma semana após a internação. O pontífice recusou a intubação, optando por um tratamento que poderia comprometer sua função renal, demonstrando grande coragem ao dar consentimiento. “Ele nomeou Massimiliano Streppetti como seu assistente pessoal de saúde, afirmando que estavam prontos para tudo, mesmo diante de riscos significativos”, relatou Alfieri.
O médico descreveu o tratamento necessário como “decisivo”, mas não “agressivo”, sublinhando que nenhuma medida extraordinária foi tomada para prolongar a vida do papa durante a internação.
Segundo Alfieri, a crise de 22 de fevereiro foi um dos momentos mais críticos do tratamento, quando a vida do papa esteve em risco. Embora a pneumonia tenha sido tratada com sucesso, o papa continua em tratamento para a infecção fúngica e está se submetendo a sessões de fisioterapia, terapia respiratória e fonoaudiologia.
O médico mantém contato diário com a equipe de saúde do papa e o visita semanalmente no Vaticano. Na última visita, o pontífice mostrou seu bom humor ao responder que tinha a mentalidade de alguém com “40 anos”, reafirmando seu senso de humor característico.
Os médicos recomendaram que o papa fique em repouso por pelo menos dois meses e evite aglomerações. No entanto, diante dos avanços na saúde do pontífice e de sua ética de trabalho, Alfieri acredita que ele pode desejar antecipar seu retorno às atividades.