Embora nossa coluna se concentre em explorar a história e curiosidades de São Paulo, é impossível ignorar como essas narrativas moldam o futuro e a história que ainda será escrita. A verdade pode ser desconcertante: o maior desafio de São Paulo é, sem dúvida, o eleitor paulistano.
Historicamente, o eleitor de São Paulo tem mostrado uma relação complicada com a escolha de seus prefeitos. Vemos pessoas no comando que não têm, na maioria das vezes, a competência necessária, mas que são habilidosas em oratórias ou possuem poderosos padrinhos políticos.
Desde a gestão desastrosa de Celso Pitta (1997-2001) até a reeleição controversa de Bruno Covas, parece que o eleitor paulistano continua cometendo os mesmos erros. Lembremos de prefeitos que fizeram promessas fervorosas aos cidadãos, mas que desapareceram ao primeiro sinal de dificuldades, priorizando suas carreiras políticas. José Serra abandonou a prefeitura para se tornar governador, e Doria fez o mesmo pouco tempo depois, deixando como sucessor um vice quase desconhecido, Gilberto Kassab, que se lançou em uma série de iniciativas para se tornar popular.
Mais tarde, João Doria Jr. se apresentou como um outsider, caracterizado por sua riqueza e habilidade de capitalizar a insatisfação popular, sendo eleito no primeiro turno em uma derrota considerável para Fernando Haddad, que buscava a reeleição.
Após a posse, Doria se demonstrou mais focado em seus próprios interesses e planos políticos do que nos desafios reais enfrentados pela cidade. O ex-prefeito costumava protagonizar situações inusitadas e proclamava ter lidado com a cracolândia, quando na verdade apenas dispersou o problema pela cidade. A ambição por um cargo maior levou Doria a desconsiderar as necessidades dos paulistanos.
A gestão foi passada para Bruno Covas, que apesar de realizar uma administração razoável, estava gravemente doente. Embora sua saúde fragilizada fosse discutida, ele insistiu em se candidatar à reeleição, levando consigo um vice desconhecido, seguindo o mesmo padrão de seus antecessores. O eleitor ainda assim optou por reeleger Covas, que, meses depois, faleceu, deixando como sucessor Ricardo Nunes, um vereador sem expressão que enfrentou sérias acusações em seu histórico pessoal.
Quase quatro anos se passaram, e São Paulo sentiu os efeitos da reeleição de um prefeito gravemente enfermo. Ricardo Nunes, despreparado para a função, conduziu a cidade por um período tumultuado, marcado por abandono no centro, aumento da violência, e acúmulo de lixo pelas ruas.
Paulistano, acredite, você é o responsável. E parece que não aprendeu a lição
Com as eleições se aproximando, o cenário se repete com diversos candidatos que parecem inadequados para liderar a cidade, muitos indicando que podem deixar seus cargos para buscar outras oportunidades.
É realisticamente possível que Nunes abandone sua posição a qualquer momento em favor de um vice indicado por líderes políticos, ou que candidatos como Pablo Marçal, que, em um país sério, estaria enfrentando problemas legais, busque voos mais altos enquanto ocupa a posição de prefeito.
Dentre os postulantes ao cargo, nomes como Boulos, Tabata e Marina Helena parecem genuínos em seus compromissos com a cidade e a população. Os demais, incluindo o enigmático Datena, parecem usar São Paulo como um trampolim para objetivos pessoais, mesmo que isso custe a cidade um período desafiador de ineficácia e descompromisso.