Um dos maiores superiates à vela do mundo afundou na costa da Sicília, Itália, na segunda-feira (19), com o empresário britânico de tecnologia Mike Lynch entre os desaparecidos.
A embarcação de 56 metros, identificada como Bayesian, naufragou após encontrar condições climáticas severas nas proximidades de Palermo, segundo relatos da gestão do iate.
Pertencente à família Lynch, o iate contava com 10 membros da tripulação e 12 convidados a bordo. Quinze pessoas foram resgatadas, incluindo a esposa de Lynch, Angela Bacares.
Até o momento, foi confirmada uma fatalidade: um chef de cozinha que trabalhava a bordo, encontrado próximo aos destroços. Outras seis pessoas, incluindo Lynch e sua filha de 18 anos, permanecem desaparecidas.
O rápido naufrágio de um iate tão grande, moderno e bem equipado devido ao mau tempo levanta preocupações sobre a segurança marítima, especialmente em um contexto de eventos climáticos extremos mais frequentes e intensos.
POR QUE O SUPERIATE AFUNDOU?
Conforme informações da Guarda Costeira, o iate pode ter sido atingido por uma tromba d’água em meio a ventos fortes, surpreendendo a tripulação. Embora o mau tempo estivesse previsto, sua intensidade não era esperada. Os guardas também indicaram que o Bayesian estava ancorado no momento em que a tempestade se abateu sobre ele.
Karsten Borner, capitão de uma embarcação nas proximidades, descreveu como teve que utilizar o motor do seu barco para evitar uma colisão enquanto a tempestade se intensificava. Segundo ele, “o mastro do Bayesian ficou plano na água antes de afundar”.
Esse relato sugere que a combinação dos ventos fortes e a estrutura do mastro de 72 metros do Bayesian pode ter sido fatal. Mesmo com as velas recolhidas, um mastro tão alto apresenta considerável resistência ao vento, o que pode ter levado à inclinação do iate em meio ao mau tempo.
Conforme informações do fabricante, o Bayesian possuía uma quilha retrátil, que poderia comprometer sua estabilidade em ventos fortes caso não estivesse totalmente estendida. Capitães de iates à vela costumam evitar rotas perigosas em previsões de ventos intensos.
A CULPA É DA MUDANÇA CLIMÁTICA?
A mudança climática pode ter contribuído para as condições climáticas instáveis no Mediterrâneo, especialmente desde junho, quando se inicia o verão europeu. A região é um destino popular para cruzeiros de superiates durante o verão do hemisfério norte, e eventos climáticos extremos têm se tornado mais comuns.
Meteorologistas temem que as mudanças climáticas e o aquecimento das águas oceânicas, que levaram a temperaturas recordes, possam resultar em uma temporada de furacões intensa no Atlântico.
Na última quinta-feira (15), as temperaturas no Mediterrâneo alcançaram uma média de 28,9°C, a mais alta já registrada. Junho foi o 15º mês consecutivo em que as temperaturas globais dos mares atingiram um novo recorde.
Embora melhorias nas normas de segurança tenham tornado os iates mais seguros, o aumento na quantidade de embarcações de passeio também eleva os riscos associados ao mau tempo. Uma tempestade excepcional com rajadas de vento de até 53 nós atingiu recentemente as Ilhas Baleares, resultando em danos a várias embarcações.
COMO OS FABRICANTES DE BARCOS E OS CAPITÃES PODEM AJUDAR A EVITAR MAIS MORTES?
A segurança no mar depende da navegabilidade das embarcações e da experiência da tripulação. Os barcos modernos, como o Bayesian, são construídos com altos padrões de segurança e equipados com sistemas de navegação e comunicação, além de equipamentos de emergência. No entanto, os perigos impostos pelo mau tempo continuam a ser uma preocupação crescente.
Segundo um oficial da Guarda Costeira, a tripulação do Bayesian “estava apenas no lugar errado na hora errada”.