ECNETNews
De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), as mulheres constituem, em média, apenas 30% dos integrantes dos órgãos nacionais dos partidos com as maiores bancadas na Câmara dos Deputados.
Além disso, elas frequentemente ocupam posições de menor poder decisório, mostrando uma significativa desigualdade na presença feminina em cargos de liderança dentro das estruturas partidárias.
Especialistas destacam que esse padrão não é novo e que as mulheres tendem a obter posições de destaque em contextos de maior risco ou em partidos menores. Dados do Sistema de Gerenciamento de Informações Partidárias (SGIP) revelam que, entre os dez partidos com as maiores bancadas, como PL, PT, União Brasil, e outros, apenas 30% dos membros são mulheres.
Esse índice é notavelmente inferior à participação feminina na população brasileira, que é de 52%. Além disso, as mulheres representam 53% dos eleitoras e 46% dos filiados a partidos no Brasil.
O PT se destaca como o partido com maior proporção de mulheres em cargos definitivos nacionais, com 52 entre 105 membros. Em contraste, o PP possui apenas 12% de participação feminina, seguido pelo União Brasil com 13%.
Quando analisadas por espectro ideológico, as siglas mais à esquerda apresentam a maior taxa de mulheres nos cargos (35%), seguidas pelas de direita (27%) e as de centro (22%). No total, 1.287 integrantes foram analisados, com apenas 384 mulheres nesses cargos.
Os dados incluem todos os membros em posições que vão de presidentes a vogais, revelando que a participação feminina é mais significativa em funções de menor poder, como presidentes de alas femininas, com poucas mulheres em posições de liderança que não estão relacionadas ao gênero.
Entre os partidos que ocupam posições chave como presidente nacional e 1º vice-presidente, apenas quatro dos dez partidos têm mulheres nessas funções: PT, União Brasil, MDB e PSDB. No caso do PP, 5 de seus 20 vice-presidentes são mulheres, enquanto no PSD, 3 de 10 são do sexo feminino.
O PT, por sua vez, é o líder em proporções de mulheres em cargos de alta relevância. Gleisi Hoffmann, que ocupou a presidência nacional do PT, representou uma exceção significativa e já havia enfrentado momentos de crise durante sua liderança.
A busca das mulheres por posições de destaque em partidos políticos, segundo uma recente pesquisa, indica uma maior probabilidade de ocuparem cargos em partidos de menor expressão. Dados de 2018 a 2022 mostraram que menos de 15% dos presidentes ou vice-presidentes de partidos estaduais eram mulheres, com a presença feminina em órgãos nacionais em 27% no mesmo período.
Os partidos que apresentam maior participação feminina incluem PMB, PSOL e UP, enquanto PCB, Solidariedade e Democracia Cristã têm os menores índices. A desigualdade de gênero nas estruturas partidárias compromete a efetividade da representação política.
Historicamente, nas eleições de 2018 a 2024, as mulheres representaram apenas 34% das candidatas e 17% das eleitas.
Posicionamento dos Partidos
Em resposta a questionamentos sobre a representatividade feminina, o MDB destacou que em 2024 foi o partido que mais elegeu mulheres e reconheceu a necessidade de ações afirmativas para aumentar a presença feminina nos diretórios. O PT mencionou que é o primeiro partido a implementar a paridade em comissões executivas e uma cota mínima de 30% para mulheres.
O União Brasil enfatizou a prioridade de aumentar a participação feminina em espaços de poder, destacando o projeto Defesa Lilás como uma ação fundamental. O PSD também relatou suas iniciativas para promover essa participação por meio do PSD Mulher, ressaltando a força de suas líderes femininas.