O governo do Brasil, sob a liderança do presidente Lula, enfrenta um cenário desafiador na crise da Venezuela, sem expectativa clara de resolução. Apesar da insistência em optar pelo diálogo político, Lula experimentou uma série de desapontamentos nesta semana, incluindo a desistência do México de se unir aos esforços ao lado do Brasil e da Colômbia, além da redução da expectativa quanto à divulgação das atas eleitorais e a rejeição de propostas sugeridas.
Diante desse contexto, o discurso brasileiro passou por uma mudança significativa, com críticas mais contundentes ao regime chavista. Lula descreveu o governo venezuelano como um “regime muito desagradável” e com “viés autoritário”.
A avaliação interna do governo aponta que os ânimos estão acirrados, com tanto a oposição quanto o regime de Maduro não demonstrando disposição para aceitar uma solução que não envolva o reconhecimento da vitória de um deles.
Nesta semana, Lula apresentou publicamente duas sugestões iniciais: a realização de novas eleições ou a formação de um governo de coalizão. Ambas foram prontamente rejeitadas por figuras internacionais, pela líder da oposição, e pelo próprio Maduro, que deixou claro não estar receptivo a influências externas, mesmo aquelas de aliados próximos.
Embora assessores de Lula minimizem estas reações adversas, destacando que as propostas são meros “balões de ensaio” até que um consenso seja alcançado, a necessidade de manter a discussão nas esferas políticas é considerada essencial.
Integrantes do governo envolvidos nas conversas relataram a existência de uma lista de condições fundamentais para fomentar um diálogo entre Maduro e a oposição, com ênfase na anistia durante uma possível transição de poder e na suspensão de sanções internacionais.
No entanto, atualmente, não há um caminho claro para uma solução. O México, que anteriormente integrava a frente diplomática, retirou-se do grupo, o que, segundo interlocutores de Lula, enfraquece a iniciativa, embora não a inviabilize.
Recentemente, o governo dos Estados Unidos também se distanciou de uma proposta de novas eleições na Venezuela, após a expectativa de um apoio do presidente Biden.
A Venezuela continua atravessando uma severa crise institucional, acentuada pelas eleições presidenciais realizadas no final de julho, cujos resultados são amplamente contestados. A falta de transparência na divulgação das atas eleitorais permanece como um dos principais impasses, apesar da pressão internacional.
A recente mudança de postura do governo brasileiro se tornou evidente quando, pela primeira vez, Lula afirmou não reconhecer Maduro como vencedor das eleições, enfatizando a falta de explicações adequadas por parte do governo venezuelano.
O assessor especial da presidência para assuntos internacionais reiterou a posição de que o reconhecimento de Maduro não ocorrerá sem a devida transparência das atas eleitorais.
Ainda que haja uma crescente avaliação de que Maduro permanecerá no poder no curto prazo, os envolvidos nas negociações estão intensificando a pressão pela transparência das eleições. Contudo, há preocupação com a possibilidade de que isso possa acirrar ainda mais as tensões entre as partes.
A situação também está sendo impactada pela iminente decisão do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela sobre a validade das eleições. A presidente da corte já indicou que sua deliberação será definitiva.
O governo brasileiro, junto com os colombianos, está pressionando pela divulgação das atas, independentemente da posição da corte, ciente de que a decisão terá um reflexo significativo nas negociações. Lula, por sua vez, defendeu a importância de aguardar a decisão judicial, ressaltando que ela é crucial para o futuro das discussões.
Um cenário desastroso poderia emergir se o pleito for validado sem a apresentação das atas, resultando em aumento das tensões internas e limitando as opções de ação do Brasil e de outros agentes envolvidos.