O governo anunciou a imposição de um sigilo de pelo menos dois anos sobre os resultados de 33 pesquisas que custaram R$ 13 milhões. A decisão, que envolve levantamentos realizados durante o mandato de Bolsonaro, foi comunicada pela Secretaria de Comunicação do Planalto, que argumenta que a divulgação dos resultados poderia causar “maiores prejuízos à sociedade do que benefícios”.
Em resposta a um recurso, a Controladoria-Geral da União defendeu o sigilo, afirmando que a liberação dos dados poderia distorcer informações sobre políticas públicas em andamento, gerar expectativas frustradas e propagar informações equivocadas.
Entre as pesquisas em questão, algumas abordavam declarações de Lula sobre a guerra em Gaza e a atuação do governo no combate ao crime organizado.
Curiosamente, o governo que criticou os sigilos da administração anterior agora bloqueia o acesso a pesquisas de opinião, questionando a disparidade entre o que é considerado informação sensível e o segredo sobre ações governamentais legítimas.
Essa prática de ocultar informações é, infelizmente, recorrente. Historicamente, em 1974, um funcionário público tentou censurar notícias sobre uma epidemia de meningite em São Paulo, e meses depois, as consequências políticas desse ato ficaram evidentes nas urnas.
Internacionalmente, em 1945, o governo dos EUA censurou informações sobre o desenvolvimento da bomba atômica, chegando ao ponto de bloquear notícias sobre a explosão em Hiroshima para garantir que o presidente Truman fizesse o anúncio primeiro. Mesmo assim, a verdade eventualmente prevaleceu, sendo exposta pela imprensa.
O sigilo que agora envolve as 33 pesquisas será mantido até dois anos após o término do governo de Lula, o que levanta preocupações profundas sobre a transparência e a liberdade de informação no país.