O ex-presidente Evo Morales e seus apoiadores deram início a uma marcha emblemática na terça-feira (17), percorrendo 190 quilômetros rumo a La Paz, capital da Bolívia. A mobilização, que atraiu mais de 5.000 participantes, acabou resultando em confrontos violentos entre simpatizantes de Morales e do atual presidente Luis Arce, deixando 26 feridos.
Os manifestantes acusam Arce de manipular os Poderes Judiciário e Eleitoral para barrar a candidatura de Evo nas eleições de agosto de 2025, além de criticar o governo pela crise econômica, evidenciada pela escassez de dólares e combustíveis.
Enquanto isso, Arce denunciou Morales como apoiador de bloquos indígenas em estradas, caracterizando a ação como uma “tentativa de golpe de Estado”. Na segunda-feira (16), cinco rodovias que conectam La Paz ao lago Titicaca, que é compartilhado entre Bolívia e Peru, foram interditadas. O mês passado também presenciou uma tentativa de golpe militar contra Arce, cujas circunstâncias permanecem obscuras. O presidente aponta Evo como provocador de instabilidade na sociedade boliviana.
“Infelizmente, o presidente [Arce] e o vice [David Choquehuanca] nos abandonaram, nos traíram, junto com a má gestão e a corrupção”, declarou Evo durante seu discurso no início da marcha.
A manifestação iniciou em Caracollo, no estado de Oruro, e está programada para chegar a La Paz na próxima segunda-feira (23). Durante o trajeto, os apoiadores de Evo eram portadores de bandeiras bolivianas, wiphalas e do Movimento ao Socialismo (MAS), partido do ex-presidente.
Os manifestantes entoavam slogans como “Urgente, Evo presidente” e “Lucho [Luis Arce], o povo está indignado”, demonstrando o forte clamor popular por mudanças.
Evo Morales, que exerceu a presidência de 2006 a 2019, ainda impossibilitado pela Constituição de buscar um terceiro mandato consecutivo, continua a contestar essa proibição, enquanto a possibilidade de uma candidatura por parte de Arce permanece incerta.