O presidente da Argentina, Javier Milei, conquistou uma vitória crucial no Congresso nesta quarta-feira (9), ao manter seu veto a uma lei que visava financiar as universidades públicas do país. A oposição, que necessitava de ao menos dois terços dos votos dos 249 legisladores presentes, conseguiu apenas 160 votos para derrubar o veto, enquanto 84 deputados apoiaram a sua manutenção e cinco se abstiveram.
Em resposta ao veto, estudantes de diversas áreas ocuparam várias universidades, incluindo a Faculdade de Filosofia e Letras da UBA (Universidade de Buenos Aires) e os institutos de Psicologia, Ciências Exatas e Veterinária. Este descontentamento reflete a crise enfrentada pelas instituições de ensino superior.
A legislação, que foi aprovada nas duas Casas do Congresso, previa uma atualização bimestral do financiamento para aproximadamente 60 universidades, considerando a inflação, além de uma recomposição retroativa dos salários dos trabalhadores universitários com base na alta de preços registrada em dezembro passado, ajustando-se mensalmente à inflação.
Apesar das grandes manifestações que ocorreram em todo o país, clamando por mais verbas para as universidades, Milei justificou seu veto alegando que aumentar o orçamento comprometeria seu plano de déficit zero. Relatórios indicam que a recomposição orçamentária representaria apenas 0,14% do PIB argentino.
Na noite anterior, o governo anunciou um aumento de 6,8% nos salários dos docentes universitários, mesmo sem um acordo formal. Entretanto, essa percentual está aquém das expectativas dos docentes. Dados da Federação Nacional dos Docentes Universitários revelam que, em agosto, os salários dos professores aumentaram 76% em comparação a dezembro de 2023, inferior à inflação de 94,8% no mesmo período, resultando em perda de poder de compra para os profissionais.
A comparação salarial mostra uma queda de 9,2% em agosto em relação a dezembro e uma diferença negativa de 23,7% se novembro for considerado. Estes números contrastam fortemente com os modestos 6,8% que o governo agora oferece para este mês de outubro.
Este é o segundo veto de Milei que gera descontentamento social, tendo anteriormente vetado a recomposição das aposentadorias, o que provocou protestos de aposentados e de seus apoiadores nos arredores do Congresso, reprimidos por novos protocolos de segurança.