No mês atual, o Itaú Unibanco anunciou uma significativa redução em suas recomendações de investimento na Bolsa brasileira, atingindo o menor nível histórico.
Na carta mensal de investimentos, o banco cortou a alocação recomendada em ações brasileiras de 19% para apenas 7% para investidores agressivos. Para perfis moderados, a recomendação caiu de 14% para 4,7%, enquanto investidores conservadores viram a alocação reduzida de 7% para 2,3%.
Conforme Nicholas McCarthy, diretor de estratégias de investimentos, essa alteração é resultado da deterioração dos indicadores financeiros, especialmente em relação às expectativas de inflação futura.
“Para que possamos ser otimistas com outros ativos, é necessária uma mudança nas expectativas de inflação”, destacou McCarthy em coletiva de imprensa.
A pesquisa Focus relata que a expectativa para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é de 4,60% em 2025 e 4% em 2026, acima da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
“O grande desafio é a nossa dívida, que deve fechar o ano próximo a 77% do PIB”, observou McCarthy.
Segundo o executivo, o Brasil possui a maior dívida pública em relação ao PIB entre os países emergentes, o que contribui significativamente para a aversão a investimentos no país.
“A Bolsa serve como um importante termômetro. Se os investidores se afastam do mercado acionário, também não estão investindo em outras áreas. O Brasil atualmente não está na mira dos investidores globais; o foco virou para a Índia e, mais recentemente, para a China”, comentou McCarthy.
Atualmente, a única recomendação de compra do banco está em ativos de renda fixa com retorno real, ou seja, superiores à inflação. McCarthy sugere ativos vinculados ao CDI e ao IPCA como opções viáveis.
Apesar da recente valorização do dólar e aumento das taxas de juros, ele não considera essa movimentação como irracional, mas parte das dinâmicas de mercado.
“O que realmente me preocupou foi a rapidez da deterioração, que realmente pode ter sido abrupta. Se a inflação começar a cair, os ativos poderão melhorar, mas se continuar em alta, a situação se agrava”, finalizou o executivo.