Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), que reúne predominantemente usinas hidrelétricas, apresentou um estudo ao governo esta semana. O estudo revela que os leilões de energia, baseados no menor preço por megawatt-hora, estão contribuindo para o aumento da conta de luz a cada ano.
Lenzi enfatiza que sua análise não visa desmerecer fontes de energia solar e eólica, mas sim destacar que cada uma dessas fontes tem custos indiretos que não são levados em conta nos leilões governamentais. Por exemplo, enquanto o preço da energia de Belo Monte foi fixado em R$ 75 por MWh, o custo para construir as linhas de transmissão até o Sudeste poderia dobrar esse valor. Esses custos adicionais acabam sendo repassados aos consumidores nas tarifas.
Uma pesquisa da consultoria Volt Robotics confirmou que a energia hidráulica é a mais barata, com os custos indiretos representando apenas 15% do total, em comparação a 67% na energia solar e 54% na energia eólica.
O governo, segundo Lenzi, não pode discriminar fontes específicas para determinar de onde comprar a energia mais barata, mas pode estabelecer requisitos técnicos para os leilões. Isso pode direcionar as disputas, como defendido anteriormente pelo presidente do Operador Nacional do Sistema (ONS), que sugeriu leilões regionais para evitar a dependência de eólica do Nordeste para abastecer regiões como o Sul, que necessitam de geração firme.
Lenzi destaca que, apesar das críticas sobre o impacto ambiental, a energia hidrelétrica permanece essencial em um país como o Brasil, rico em recursos hídricos. Ele argumenta que a percepção de que energia renovável se limita à solar e eólica é uma visão europeia, uma vez que muitos países, como o Reino Unido, não utilizam a matriz hidráulica, ao contrário da Áustria, que possui um vasto número de pequenas centrais hidrelétricas.
Perfil de Charles Lenzi:
Engenheiro elétrico com mestrado em Administração de Empresas pela PUC-RS, Lenzi tem uma vasta carreira no setor elétrico, incluindo posições de liderança no grupo AES em diversos países, presidências na Eletropaulo e COO da AES Brasil. Atualmente, ele lidera a Abragel.