O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, se o governo federal não tivesse enfrentado obstáculos no Congresso no ano passado, o Brasil teria alcançado a meta de déficit zero primário em 2024. Ele qualificou as derrotas como “compreensíveis”.
“Se tivéssemos aprovado 100% do que propusemos, teríamos um déficit zero e sustentável, com receitas e despesas equilibradas”, disse Haddad durante um evento em São Paulo.
Uma das principais derrotas do governo incluiu a derrubada do veto presidencial à desoneração da folha de pagamento para 17 setores, o que deverá resultar em um impacto de R$ 18 bilhões nas contas públicas neste ano. O Ministério da Fazenda busca alternativas para compensar essa perda e aumentar a arrecadação em R$ 28 bilhões.
Embora Haddad tenha sido forçado a adiar a meta de déficit zero para 2025, ele manteve um tom conciliador nas interações com os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.
“Fomos bem no Congresso, mas não conseguimos tudo. Ninguém ganha todas. Conseguimos aprovar medidas reparadoras e o arcabouço fiscal. É preferível ter um Congresso dialogando do que impor sua vontade sem ele”, destacou o ministro, lamentando a necessidade de diluir projetos que poderiam ter sido aprovados em 2023.
Ele ainda observou que, do ponto de vista macroeconômico, fazer todo o ajuste em um único ano resultaria em juros mais baixos, dólar desvalorizado e um crescimento mais acelerado.
Haddad também previu uma possível melhoria na nota do Brasil por agências de classificação de risco, subestimando as condições econômicas do país. Ele enfatizou a importância de injetar otimismo na economia e persuadir setores céticos sobre um caminho viável.
“Estamos fazendo um bom trabalho, mas nossa comunicação precisa ser aprimorada”, ressaltou Haddad, tentando transmitir uma perspectiva otimista aos empresários presentes.
Ele explicou que, se não tivesse havido a necessidade de pagar precatórios e indenizações a governadores e prefeitos, como determinado pelo Supremo Tribunal Federal, o déficit primário teria sido de 1,1% do PIB, em vez de 2,12%.
O ministro também mencionou a combinação de inflação e desemprego, a qual considera a menor da história, e pediu atenção ao índice de preços ao consumidor que se mostrou em 0,19% em agosto.
Haddad abordou a elevação das estimativas de inflação, a qual chamou de “repiquezinho”, assinalando que o boletim Focus agora estima inflação de 4,20% para 4,22% este ano, enquanto a meta do Banco Central é de 3%.
“O aumento da inflação se deve a fatores como o câmbio e o comportamento do Fed, além de sempre haver causas especulativas”, concluiu.