O governo federal está avaliando a possibilidade de eliminar o imposto de importação do trigo para reduzir os custos desse insumo no Brasil e, consequentemente, os preços dos alimentos. A proposta de remover a taxa de 9% sobre o cereal visa oferecer alívio aos consumidores. Essa questão é uma das principais preocupações da administração atual.
Fontes dos ministérios da Agricultura, Fazenda e Desenvolvimento Agrário confirmaram que essa medida está sendo debatida e pode ser implementada em breve. No entanto, ainda não há uma decisão final, já que alguns setores questionam a eficácia da medida na redução de preços.
O Brasil é historicamente dependente do trigo importado, consumindo cerca de 12,8 milhões de toneladas anualmente, com mais da metade desse volume vindo do exterior. Em 2024, as importações de trigo atingiram 6,6 milhões de toneladas, um aumento de 59% em relação a 2023.
Os países do Mercosul, que respondem pela maior parte das importações de trigo do Brasil, já possuem um acordo de isenção fiscal para esse produto. A Argentina, o principal parceiro comercial do Brasil nesse setor, é responsável por 63% (4,2 milhões de toneladas) do trigo importado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.
O Brasil também mantém uma cota anual de até 500 mil toneladas de trigo importado de fora do Mercosul sem tarifa, um compromisso com a Organização Mundial do Comércio para suprir necessidades de oferta. O imposto de 9% só é aplicado quando essa cota é superada, com os principais fornecedores fora do Mercosul sendo Estados Unidos, Líbano, Rússia e Canadá.
Embora a remoção do imposto de importação do trigo possa não impactar significativamente a inflação dos alimentos, o governo acredita que essa ação pode servir como um sinal político de que o governo está tomando medidas para enfrentar a situação atual.
Medidas semelhantes foram adotadas em administrações anteriores, e a possibilidade de implementar uma abordagem semelhante para o milho foi considerada, mas descartada devido à produção local suficiente e à isenção já existente no Mercosul.
TAXA DE EXPORTAÇÃO
Um debate sobre a criação de uma taxa sobre as exportações do agronegócio foi levantado, mas essa proposta foi totalmente rejeitada pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Ele alertou que uma proposta nesse sentido poderia resultar em sua saída do cargo.
A taxação das exportações pretendia incentivar os produtores a focarem no mercado interno, aumentando a oferta doméstica e, assim, pressionando menos os preços. No entanto, a proposta enfrenta resistência da bancada ruralista e adições políticas conflitantes resultantes dessa medida.
No dia 27, Fávaro se reunirá com representantes do setor agrícola para discutir estratégias que possam ser aplicadas para reduzir os preços. Uma reunião com o presidente está programada para o dia seguinte.