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Diante da possibilidade de uma aliança entre Donald Trump e Vladimir Putin em relação à Guerra da Ucrânia, a França tomou a iniciativa de reafirmar sua posição nuclear. O presidente Emmanuel Macron declarou no sábado (1º) sua disposição para discutir a oferta de seus arsenais nucleares como um mecanismo de proteção para países da região frente às ameaças da Rússia.
“Sempre existiu uma dimensão europeia nos interesses vitais da França em sua doutrina nuclear”, afirmou Macron em entrevista à mídia. Ele estará presente em um encontro de líderes europeus com Volodimir Zelenski no Reino Unido neste domingo (2).
Zelenski, que recentemente esteve em Washington, enfrentou críticas contundentes de Trump, que questionou a direção da guerra e sugeriu que a Ucrânia poderia ser deixada com poucas garantias de segurança por parte dos Estados Unidos.
Trump parece ter adotado uma perspectiva favorável à Rússia sobre o início do conflito, mostrando-se disposto a aceitar uma solução proposta por Putin que inclui perdas territoriais para a Ucrânia.
No passado, Macron teve um embate verbal com Putin, que havia ameaçado uma guerra nuclear caso a França enviasse tropas à Ucrânia. Para sinalizar sua posição, Macron testou um míssil de cruzeiro nuclear. Recentemente, ele reconheceu que essa tensão tinha como objetivo estabelecer “ambiguidade diplomática”.
Analistas britânicos especulam que Macron pode contar com apoio do premiê britânico Keir Starmer para implementar uma estratégia inclui a oferta de caças Rafale armados com mísseis de cruzeiro nucleares baseados na Alemanha.
Atualmente, a defesa nuclear na Europa sob a aliança da OTAN é dominada pelos Estados Unidos, que mantêm armas nucleares em várias bases na Europa. A base de Lakenheath, no Reino Unido, está em fase de recuperação para receber novamente armamentos que haviam sido retirados há duas décadas.
A França, apesar de ser membro da OTAN, mantém uma cadeia de comando nuclear independente, com quatro submarinos armados com mísseis estratégicos, capaz de causar destruição em massa. Além disso, a França possui cerca de 50 mísseis ASMPA, que podem ser lançados por caças Rafale modificados.
Na Guerra Fria, a França chegou a ter caças no território de outros países que operavam armas nucleares americanas, mas sua relação com a OTAN durante a década de 1960 complicou essa dinâmica. Atualmente, o Reino Unido, como a terceira potência nuclear da OTAN, opera suas armas nucleares em estreita colaboração com a estratégia americana, sem ativos nucleares terrestres a serem oferecidos a aliados.
A proposta de Macron, embora lembre uma postura do governo francês de 2007 que foi rejeitada por Berlim, reflete os desafios impostos pela atual agressividade de Trump, deixando líderes europeus em uma posição delicada. Além disso, Putin controla uma reserva significativa de ogivas nucleares, o que torna a situação ainda mais crítica.
O tema da segurança nuclear está voltando ao centro das discussões na Europa, especialmente com a Polônia manifestando seu desejo de ser incluída no esquema de defesa com armas táticas dos EUA, após Putin posicionar armamentos semelhantes em Belarus.