MAURÍCIO BUSINARI
SÃO PAULO, SP
Um homem de 32 anos foi fatalmente ferido a tiros ao intervir em uma discussão em uma passagem subterrânea na Avenida Sul, após o desfile do Galo da Madrugada, em Recife. As circunstâncias apontam que o atirador poderia ser um policial militar.
Identificado como João Amâncio, a vítima faleceu ao tentar proteger um amigo, segundo seu irmão, Deneval Amâncio, que presenciou o incidente no último sábado (1º). O grupo retornava do famoso desfile quando a tragédia ocorreu.
Pai de dois meninos, João era um caldeireiro experiente e um fervoroso amante do Carnaval. Ele viajou de Cabo de Santo Agostinho até Recife com amigos e familiares, enfrentando uma viagem de quatro horas para celebrar a festividade. O grupo estacionou seu ônibus no bairro do Cabanga e utilizou uma passagem subterrânea para acessar a Avenida Sul.
Fantasiado de Fred Flintstone, João aproveitava a folia ao lado de sua esposa e amigos. Após o término do desfile, eles reuniram seus pertences e se dirigiram ao ônibus. No caminho, uma mulher colidiu acidentalmente com David, amigo de João, que resultou em uma discussão. “Meu irmão perguntou ‘o que foi aí?’ e, antes de qualquer resposta, o namorado da mulher sacou a arma e disparou”, relatou Deneval. João foi atingido no tórax e caiu ao chão.
Após o disparo, o suspeito descontraidamente se afastou e foi abordado por quatro policiais, mas foi liberado. “Ele colocou a mão no bolso, mostrou a carteira, e os PMs deixaram ele ir como se nada tivesse acontecido.” Deneval expressou sua indignação, acreditando que o atirador era um policial militar e questionando a proteção dispensada a ele.
Ao questionar a liberação do suspeito, Deneval foi agredido. “Gritei: ‘Vocês liberaram o cara, que é polícia igual a vocês!’. Aí fui empurrado ao chão e contido à força.” Ele foi à delegacia, onde registrou o incidente e passou por um exame de corpo de delito.
João foi levado ao hospital, mas a família suspeita que ele já estivesse sem vida ao chegar. “Os PMs colocaram meu irmão na mala da viatura e o levaram para o Hospital da Restauração. No momento em que cheguei, fui informado de que ele havia falecido.”
FAMÍLIA EM LUTO APÓS O CRIME
A esposa de João, que presenciou o ataque, está em estado de choque. Deneval comentou que ela ainda não conseguiu se recuperar do trauma. A mãe de João está devastada com a perda do filho, e Deneval expressou: “Minha mãe está destruída, sem chão. Apenas buscamos justiça.”
David, o amigo que também foi ferido, permanece hospitalizado após um tiro no queixo. O estado de saúde dele não foi atualizado pelas autoridades hospitalares, que não comentam sobre os pacientes.
A identidade do suspeito permanece mantida em sigilo. “Durante o velório, soubemos que ele se apresentou à polícia, mas não revelaram o nome. Por que ele não foi preso em flagrante?” questiona Deneval. O caso está sob investigação pela 1ª Delegacia de Homicídios.
A irmã de João usou redes sociais para exigir justiça. “Meu irmão estava desfrutando até esbarrar sem querer na namorada desse policial. Isso não é motivo para uma vida ser tirada”, desabafou.
A família exige respostas e a responsabilização do autor do crime. “Buscamos justiça. Queremos saber por que esse policial foi liberado após o ocorrido, ele deveria ter sido detido em flagrante”, concluiu Deneval.
POSICIONAMENTO DA POLÍCIA CIVIL
As autoridades policiais informaram que o caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Homicídios, com um inquérito em andamento para elucidar as circunstâncias do crime.
A Polícia Civil confirmou que João Amâncio foi atingido por disparos na Avenida Sul e levado ao Hospital da Restauração, onde não sobreviveu aos ferimentos.
Detalhes sobre a identidade do suspeito e a investigação não foram divulgados até o momento. As autoridades ainda não esclareceram a razão pela qual o suspeito foi liberado imediatamente após o crime.
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco comunicou que as investigações continuam e informou que, por enquanto, não podem fornecer mais detalhes para não comprometer as diligências em andamento.