À medida que se aproxima do primeiro aniversário do ataque brutal do Hamas a Israel, o mundo observa uma crise tão intensa quanto a vivida nos campos da Ucrânia desde o início da invasão em 2022.
Em vez da prometida destruição do Hamas, que governava a Faixa de Gaza, e da libertação dos cerca de 64 reféns ainda sob custódia, a realidade revela Israel enfrentando a ameaça de uma guerra ainda mais imprevisível na região do Oriente Médio.
A subjugação do Hamas é, por ora, quase total; no entanto, o grupo retém habilidades destrutivas significativas. O prolongamento do conflito resultou na devastação da infraestrutura de Gaza e na perda de mais de 41 mil vidas, incluindo combatentes e civis.
A justificativa inicial de Tel Aviv foi diluída pelas mortes de civis inocentes. Embora a alegação de que muitos serviam como escudos humanos seja válida, isso não muda o fato das mortes, comprometendo o apoio global que Israel havia obtido após o ataque de 7 de outubro de 2023.
Com a pressão internacional em aumento, a aliança de adversários de Israel e dos Estados Unidos, centrada no Irã, aproveitou a oportunidade para intensificar a crise. Grupos xiitas no Iraque e os houthis do Iémen foram acionados como representação de uma Teerã fragilizada.
No entanto, a atenção permanece voltada para o norte de Israel, além da fronteira com o Líbano, onde está o Hezbollah, considerado o agrupamento não estatal militar mais poderoso do mundo.
Recentemente, a escalada de tensão provocada pelos libaneses foi contida, embora cerca de 60 mil residentes do norte de Israel tenham sido forçados a evacuar suas casas neste ano. O temor de uma guerra existencial tem dissuadido o Hezbollah de reviver o conflito de 2006 com Israel.
Entretanto, há dez dias, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu fez uma declaração audaciosa, colocando o retorno dos refugiados como um objetivo de guerra, ao lado das missões inacabadas contra o Hamas e a busca pela libertação dos reféns.
Como resultado, houve um aumento rápido nas ações contra os fundamentalistas libaneses, que enfrentaram explosões em suas instalações e ataques a várias camadas de comando militar, com uma degradação estimada de 50% de seu arsenal de mísseis e foguetes.
Nesta sexta-feira (27), uma grande operação foi realizada contra o quartel-general do Hezbollah em Beirute, com alvo presumido no líder do grupo, Hassan Nasrallah. A morte dele teria consequências monumentais, podendo provocar reações fora de controle.
Netanyahu apostou na guerra, ciente de que isso pode reforçar seu controle sobre o gabinete, onde radicais de direita predominam. Contudo, o sentimento de vitória pode rapidamente se transformar em uma crise, caso os adversários decidam reagir.