ECNETNews Reporting
BUENOS AIRES, ARGENTINA
No próximo domingo, 9 de fevereiro, os cidadãos do Equador irão às urnas novamente, marcando as eleições presidenciais e legislativas pela terceira vez em apenas quatro anos. O país sul-americano enfrenta um cenário complexo, exacerbado pela crescente influência do narcotráfico.
O milionário Daniel Noboa, que ocupa o cargo de presidente há menos de um ano e meio em um polêmico mandato-tampão, é o atual favorito para se reeleger. No entanto, as previsões indicam que ele deve enfrentar um segundo turno contra Luisa González, uma candidata da esquerda e protegida do ex-presidente Rafael Correa.
Além do aumento alarmante da violência, que provocou uma elevação significativa na taxa de homicídios – passando de 7,8 para 46,2 crimes por 100 mil habitantes em três anos – o Equador também enfrentou uma crise energética sem precedentes no ano passado.
Dependente em mais de 70% de hidrelétricas, o sistema elétrico equatoriano sofreu com a seca, resultando em apagões que duraram de 4 a 14 horas diariamente por meses. Essa situação tem implicações diretas sobre a segurança pública, já que a violência do narcotráfico provocou um êxodo recorde, enquanto a crise energética resultou em desemprego generalizado.
Entre setembro e outubro, estima-se que a economia equatoriana perdeu cerca de US$ 18 milhões devido aos apagões, com mais de 263 mil empregos dignos eliminados. A recessão econômica é um fato, com o desemprego sendo uma preocupação premente para a população.
Diante dessa realidade, Daniel Noboa e Luisa González surgem como as principais opções para os eleitores. Noboa, herdeiro de uma das maiores fortunas do país no setor bananeiro, assumiu o cargo após a queda do presidente Guillermo Lasso, que enfrentou acusações de corrupção. Embora se posicione como de centro-esquerda, Noboa é frequentemente criticado por governar com uma agenda de centro-direita e por tendências autoritárias.
González, por sua vez, é uma ex-deputada e o rosto da esquerda que, se eleita, seria a primeira mulher a ocupar a presidência no Equador. Em uma pesquisa recente, Noboa aparecia com 48,3% das intenções de voto, enquanto González contava com 32,2%. Para evitar um segundo turno, Noboa precisa obter mais de 50% dos votos ou 40% com uma vantagem de pelo menos dez pontos sobre o segundo colocado.
A administração de Noboa tem sido caracterizada por uma política rigorosa de combate ao crime e a militarização da segurança pública, com um ano completo desde que o presidente declarou uma situação de conflito armado interno. Embora a taxa de homicídios tenha registrado uma leve redução de 16% no último ano, janeiro trouxe à tona um aumento preocupante na violência, com cerca de 750 homicídios registrados, marcando o mês mais violento desde 2014.
No contexto da crescente violência, denúncias de violações dos direitos humanos aumentaram, com casos de desaparecimentos forçados envolvendo detentos por patrulhas militares. Um crime brutal no início deste ano, envolvendo o desenterramento de corpos de adolescentes desaparecidos, intensificou os temores sobre abusos por parte das forças de segurança.
Com a escalada do tráfico de drogas e o papel crescente do Equador como ponto de trânsito para a cocaína, a situação só tende a piorar. Ao longo dos últimos anos, muitas famílias equatorianas viram a migração para os Estados Unidos como uma alternativa viável, enquanto a perspectiva de sobrevivência em sua terra natal se torna cada vez mais incerta.
As eleições presidenciais de fevereiro de 2025 prometem ser decisivas em meio a um ciclo de instabilidade política e social no Equador.
Três Eleições Presidenciais em Quatro Anos:
- Fevereiro e abril de 2021: I e II turnos que resultaram na vitória de Guillermo Lasso
- Agosto e outubro de 2023: I e II turnos que garantiram a vitória de Daniel Noboa
- Fevereiro de 2025: I turno presidencial com Noboa e Luisa González como principais candidatos