O silêncio de Donald Trump em relação a Elon Musk, agora visto como presidente nos Estados Unidos, é notável. Preparando-se para sua posse na próxima segunda-feira (20), Trump, conhecido por não recuar diante de desafios, enfrenta provocações de adversários que esperam uma reação explosiva contra o bilionário que recentemente ganhou escritórios ao lado da Casa Branca para liderar um novo departamento fictício chamado Doge, que seria o Departamento de Eficiência do Governo.
Trump já demonstrou interesse em ver suas figuras de destaque se desentenderem, como evidenciado pelos comentários de Steve Bannon, que deseja afastar Musk de sua influência. O atrito surge da defesa de Musk em favor de vistos de trabalho para estrangeiros, que ele acredita serem essenciais para a prosperidade no Vale do Silício, embora também faça parte de um debate mais amplo sobre a mão de obra qualificada de países como a Índia.
Com um retorno significativo de investimento de US$ 270 milhões que contribuiu para a vitória de Trump – sua fortuna pessoal já subiu em pelo menos US$ 70 bilhões – Musk está explorando a possibilidade de influenciar governos internacionais. Reportagens indicam que ele está considerando financiar um partido alternativo no Reino Unido, com a meta de desafiar o primeiro-ministro trabalhista, Keir Starmer, recentemente empossado, em um cenário que se tornou ainda mais tenso após a recente utilização de sua plataforma para incitar revoltas raciais no país.
A postura de Musk em relação a Starmer parece estar relacionada a um escândalo de exploração sexual que ocorreu no Reino Unido, onde o governo conservador anterior foi criticado por ignorar investigações sobre os crimes. A indignação popular se concentra em conexões com agressores de origem paquistanesa, levantando questões de racismo e injustiça social.
Musk, cujas raízes estão na África do Sul sob o apartheid, reflete um padrão preocupante entre os bilionários influentes que têm sido associados a políticas de direita. Suas ações provocaram uma resposta do primeiro-ministro Starmer, que afirmou que “uma linha foi atravessada” quando Musk pediu sua prisão, destacando como a retórica de Musk normalmente receberia uma condenação severa.
O papel da imprensa nesse contexto se torna mais complexo, à medida que fica a questão de se cada declaração impulsiva de Musk deve ser tratada como manchete ou se isso contribuirá para uma degradação do debate político público.
Nesta quarta-feira (15), o Ministério da Defesa e o Exército alemães decidiram encerrar suas contas em uma plataforma sob controle de Musk, após ele começar a fazer campanha pela candidata de um partido de extrema direita para as eleições de fevereiro, destacando ainda mais as implicações de sua influência política.
Ignorar o impacto do que Musk representa no cenário global não é uma opção viável à medida que o Brasil se prepara para as eleições de 2026.