Uma conversa na sala de espera de um hospital pode ser mais angustiante do que a expectativa de um exame delicado ou um diagnóstico. Recentemente, presenciei um debate desconcertante entre quatro ou cinco indivíduos bem articulados, em um ambiente que deveria priorizar a ciência.
O tema da vacinação contra a Covid-19 surgiu, e dois dos participantes admitiram ter se vacinado, embora a contragosto e apenas uma vez. Um casal próximo declarou que não se vacinou, com o marido expressando seu medo dos efeitos colaterais, como trombose e AVC, e questionando a rapidez com que a vacina foi desenvolvida. Ele citou que, de acordo com suas estatísticas, mais vacinados morreram em 2022 do que não vacinados em 2021.
Entre os presentes, havia um alemão, ainda ativo apesar de estar na casa dos 70 anos, que expressou preocupação com a imigração de muçulmanos na Alemanha, alegando que isso estava afetando o país negativamente. Ele também mencionou a situação da Inglaterra, que, segundo suas palavras, estava dominada por imigrantes indianos, refletindo uma opinião bastante controversa sobre o impacto da imigração.
Além de tópicos sociais e políticos, ele também diretamente desconsiderou a relação entre eventos climáticos e mudanças extremas, afirmando que fenômenos como chuvas em Porto Alegre e furacões nos EUA sempre existiram, mas a mídia não os cobria adequadamente. Quanto ao derretimento das calotas polares, ele ainda defendeu que a Groenlândia, há duzentos anos, era um “jardim” e não uma geleira, apresentando uma visão cética sobre a ciência climática.
Durante essa conversa, percebi a estranheza de estar cercado por negacionistas, pessoas que se mostraram firmemente convictas de suas crenças. Ao perguntar a um deles se acreditava que a Terra era redonda ou plana, fui recebido com riso e a resposta: “Que pergunta é essa? Estamos falando a sério!”. A incerteza sobre suas opiniões me deixou perplexo.