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A recente denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) revela um suposto esquema de manipulação estatal envolvendo a Polícia Rodoviária Federal, que teria sido utilizado para favorecer o ex-presidente Jair Bolsonaro durante a crise política. A investigação indica que, sob a liderança de Silvinei Vasques, a PRF teria agido para dificultar o transporte de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para os locais de votação no segundo turno.
Segundo a denúncia, a atuação da PRF ocorreu por meio de blitze em cidades onde Lula obteve resultados expressivos no primeiro turno, especialmente no Nordeste. Documentos obtidos na investigação indicam que as ordens para a realização dessas blitze partiram de uma diretora do Ministério da Justiça.
A PGR argumenta que essas blitze eram uma estratégia crucial para manter Bolsonaro no poder, buscando inverter o cenário desfavorável evidenciado pelos resultados do primeiro turno e pelas pesquisas de intenção de voto. O apoio da PRF à operação teria desrespeitado uma decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, que havia proibido esse tipo de ação na véspera das eleições.
Silvinei Vasques, que no dia da votação pediu votos para Bolsonaro nas redes sociais, foi chamado a explicar suas ações ao ministro. Ele foi preso preventivamente em agosto de 2023, sob alegação de que sua liberdade poderia comprometer as investigações, e foi libertado um ano depois.
A denúncia também detalha a produção de um projeto de “Business Intelligence” solicitado pela diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, que visava coletar informações sobre locais onde Lula teve mais de 75% dos votos, focando em cidades do Nordeste. Um analista de inteligência declarou que as blitze foram baseadas em dados que ele compilou, as quais ocorreram exclusivamente nos locais com maior votação a favor de Lula.
Além disso, a investigação revelou conversas de WhatsApp entre membros do Ministério da Justiça, incluindo pedidos para reforçar a atuação da PRF em cidades onde o apoio a Lula era significativo. Durante essas conversas, foi discutido que seriam necessários milhões de votos para “virar” o resultado das eleições.
No contexto das eleições, a PGR destacou que a mobilização da PRF foi desmedida, especialmente no Nordeste, onde foram alocados o maior número de policiais e postos de fiscalização. Mensagens entre os policiais federais revelam que houve uma intensificação nas operações direcionadas aos ônibus, refletindo uma estratégia para obstruir a votação.
De acordo com a PGR, o grupo orquestrou ações que visavam impedir Lula de assumir a presidência, utilizando força policial em uma ação organizada. A denúncia formalizada pela PGR inclui Silvinei Vasques, Anderson Torres, Marília Ferreira de Alencar e Fernando de Sousa Oliveira, com Torres já tendo enfrentado prisão anteriormente por sua suposta omissão em eventos antidemocráticos.
A defesa de Torres informou que analisará a denúncia antes de se manifestar. Até o fechamento deste relatório, não houve resposta da defesa de Vasques e as defesas de Marília de Alencar e Fernando Oliveira também não puderam ser localizadas.