Economistas destacam que a atual estabilidade macroeconômica do Brasil, com a inflação controlada e um crescimento de quase 3% no último ano, foram fatores determinantes para a agência de classificação de risco Moody’s elevar a nota de crédito do país, que agora se encontra próximo do grau de investimento. No entanto, especialistas ressaltam que o governo deverá intensificar seus esforços fiscais para alcançar este novo patamar.
Atualmente, o Brasil mantém um status de nível especulativo, com a nota “Ba1”. Em seu relatório, a Moody’s destacou que a credibilidade do cenário fiscal brasileiro ainda é considerada moderada.
O grau de investimento é uma avaliação concedida por agências internacionais de classificação de risco, indicando que o investimento é seguro, apresentando baixo risco de inadimplência.
As notas de crédito possuem grande relevância para os fundos de investimento, muitos dos quais são impedidos de investir em ativos que não tenham grau de investimento.
Na opinião de um economista-chefe, o cenário econômico do Brasil é relativamente positivo, mas a questão fiscal é “o entrave que impede o país de avançar mais”. Ele apontou um déficit fiscal significativo para este e os próximos anos, além do aumento da dívida pública.
Dados oficiais apresentando a proposta de Orçamento de 2025 e o quarto relatório de avaliação de receitas e despesas deste ano indicam que o governo deve encerrar seu mandato com um déficit fiscal acumulado ao longo de quatro anos.
O economista ressaltou que o novo arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos, é apenas uma solução temporária. Para que o Brasil conquiste a nota de crédito necessária para o grau de investimento, será essencial que o atual ou futuro governo implemente um ajuste fiscal mais robusto, como a desvinculação do salário mínimo da Previdência Social, medida que foi descartada pelo governo atual.
“Teremos que revisitar essa questão em 2027. O avanço na nota de crédito exigirá um esforço fiscal significativamente maior,” afirmou.
Um economista de uma instituição financeira destacou que, para alcançar a nota de crédito correspondente ao grau de investimento — considerado seguro com baixo risco de calote —, o Brasil precisa estabilizar ou reverter a dívida pública, manter o crescimento e continuar com a inflação controlada.
Ele enfatizou a importância de avançar em reformas administrativas e melhorar a abertura econômica, promovendo um comércio mais intenso entre Brasil e outros países.
Outro economista classificou o upgrade do Brasil pela Moody’s como razoável, comparando o país a outras economias internacionais como Argentina, México e Índia, embora tenha alertado para o alto nível das despesas públicas.
Os dados do governo central para o primeiro semestre mostraram um déficit de R$ 68,7 bilhões, o pior resultado para o período desde 2020. No entanto, a crescente economia está facilitando a situação, e acredita-se que o Brasil não está longe do grau de investimento, o que pode ocorrer nos próximos dois anos, contanto que controles de despesas sejam mantidos.
Um especialista do mercado financeiro também sublinhou a importância da questão fiscal, embora sugerindo que a credibilidade das agências de classificação de risco não é mais a mesma. Ele comentou que, apesar de ser uma notícia positiva, o impacto deve ser considerado marginal sem medidas fiscais robustas.
Uma instituição financeira destacou as preocupações da Moody’s com a credibilidade fiscal brasileira, evidenciando que a decisão de subir a nota de crédito deve ser vista com cautela por analistas.