A abertura do feriado de Carnaval, neste sábado (1º), marca também o Dia Mundial de Catadores de Materiais Recicláveis. No entanto, esses trabalhadores enfrentam desafios significativos durante a folia de São Paulo.
O número de catadores apoiados pela patrocinadora do Carnaval de São Paulo está em queda, enquanto o aumento de blocos e foliões resulta em mais resíduos recicláveis deixados nas ruas. No Carnaval do ano passado, mais de 700 toneladas de lixo foram removidas da cidade, e estimativas apontam que cerca de 80% dos resíduos gerados durante a festividade são recicláveis.
Segundo a Associação Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (Ancat), parceira na organização do evento, apenas 250 catadores serão apoiados este ano, todos concentrados no circuito do Ibirapuera. No Carnaval anterior, 674 catadores atuaram em quatro circuitos: Ibirapuera, Faria Lima, Barra Funda e Rio Branco, onde adequadamente organizavam seu trabalho e recebiam apoio básico.
No Carnaval, cada catador recebe um pagamento diário pelos serviços prestados, além da renda obtida com a venda dos materiais coletados. No entanto, críticas surgem quanto à sustentabilidade do evento, com vozes como a de Anne Caroline Barbosa Martins condenando a precarização do trabalho dos catadores, afirmando que o brilho do Carnaval esconde problemas urgentes de exploração e invisibilidade desses profissionais.
Em 2023, uma nova lei foi sancionada em São Paulo, priorizando a contratação de catadores em grandes eventos. Contudo, a regulamentação da lei ainda está pendente há mais de um ano. A prefeitura e a patrocinadora do Carnaval foram contatadas para comentar a preocupação com a redução do número de catadores, mas ainda não ofereceram uma explicação clara.
“Estamos em busca de uma melhor parceria com a patrocinadora e a prefeitura para aumentar o número de catadores nas festividades, já que somente 250 é extremamente insuficiente”, declarou Roberto Rocha, presidente da Ancat. A regulamentação da lei 17.806 é vista como crucial para a inclusão efetiva dos catadores nos eventos.
A autora da legislação, deputada Maria Helou, expressou a necessidade de priorizar esta regulamentação para aproveitar as oportunidades que o Carnaval oferece, criando empregos e aumentando a reciclagem na cidade. “Precisamos mudar o modelo atual. A reciclagem não apenas economiza recursos, mas também gera renda para aqueles que mais precisam”, destacou.
No ano passado, um programa apoiado no pré-Carnaval beneficiou 116 catadores autônomos, mostrando a viabilidade de uma gestão de resíduos mais eficiente por meio da inclusão desses trabalhadores. “Estamos otimistas para o futuro e buscamos melhorar continuamente a gestão de resíduos no Carnaval”, concluiu Nanci Darcolléte, diretora-executiva de uma das iniciativas de apoio.