Recentemente, a Bolsa de Tóquio celebrava uma recuperação impressionante, com indicadores que davam sinais de força, superando recordes históricos datados de 1989. O cenário parecia otimista para o Japão, mas a realidade tomou um rumo inesperado.
Na manhã de segunda-feira (5), apenas vinte minutos após o início das operações, o índice Topix registrou uma queda de 7%. Ao final do dia, o Nikkei 225 despencou 12,4%, a maior queda desde outubro de 1987, enquanto o Topix caiu 12,23%.
Analistas destacam que o movimento abrupto do mercado reflete reminiscências da crise financeira global de 2008, onde o Japão é conhecido por ser cauteloso contra investimentos de risco.
A rapidez e intensidade dessa correção podem alterar drasticamente a percepção sobre um mercado que recentemente parecia estar em franca ascensão. Uma combinação de fatores, incluindo temores de uma recessão nos EUA, a perspectiva de uma possível intervenção do Federal Reserve e tensões geopolíticas, afetaram o apetite por risco dos investidores. Especificamente, a valorização de 12% do iene em relação ao dólar nas últimas semanas gerou uma rápida reavaliação das expectativas de lucro de várias empresas japonesas.
No último dia 2, o índice Nikkei 225 já havia enfrentado uma significativa queda de pontos, atingindo novos mínimos. O Topix, que atingiu seu auge em julho, registrou uma perda superior a 20%, após ser um dos índices de maior desempenho no início do ano.
Contrariando expectativas, grandes fundos estrangeiros, em busca de alternativas à China, tinham se mostrado otimistas com o Japão. Investimentos significativos, como os da Berkshire Hathaway em empresas japonesas, eram vistos como um sinal positivo para reavaliações no mercado japonês.
A Bolsa de Tóquio impulsionava as empresas a serem mais eficientes em suas operações. Um programa governamental de investimentos pretendia atrair novos investidores para o mercado acionário japonês. Entretanto, a atual volatilidade do mercado lembra que as ações no Japão são suscetíveis a retrocessos, especialmente com a redução do interesse global na China, direcionando agora os olhares para o Japão.
O mercado japonês é frequentemente visto como um termômetro do comércio global, com questões sobre semicondutores e inteligência artificial em destaque. O otimismo quanto à recuperação da deflação e a expectativa de um grande boom no turismo contribuíram para o crescimento das ações.
A questão agora é como o mercado se estabilizará após essa queda acentuada. Recentemente, o Banco do Japão aumentou as taxas de juros para 0,25%, o que suscitou debates sobre a capacidade do país de “normalizar” sua economia após décadas de política monetária extremamente flexível e se isso exigirá um novo suporte do banco central no mercado acionário.
A situação atual apresenta um dilema, já que tanto fatores globais quanto locais justificam vendas das ações. Isso pode caracterizar uma mudança no comportamento do mercado japonês, exigindo uma tarefa árdua para convencer investidores de que o cenário atual não é apenas uma repetição de crises passadas.