A segunda fase de testes do Drex, a moeda digital em desenvolvimento pelo Banco Central, está prestes a começar. Esta etapa busca, entre outros objetivos, aprimorar as soluções de privacidade com base em vários cenários de uso.
De acordo com o coordenador do projeto, essa fase é um passo crucial para incluir a população nos testes da moeda digital. Se tudo correr como planejado, a implementação deve ocorrer entre o final de 2025 e o início de 2026.
“As soluções testadas até o momento não atenderam completamente às exigências que proporcionariam a segurança necessária para a participação individual. Precisamos assegurar que a legislação de proteção de dados esteja sendo respeitada”, explicou.
O coordenador mencionou que algumas das soluções de privacidade testadas têm se mostrado excessivamente restritivas, dificultando o monitoramento do Banco Central das transações. Além disso, algumas alternativas incurrem em altos custos computacionais, limitando o número de operações por segundo e inviabilizando a aplicação do Drex no varejo. Outro desafio é a complexidade na criação de novos algoritmos, que compromete a evolução da tecnologia.
Na próxima fase de testes, além das questões de privacidade, também será discutida a governança dos serviços financeiros. Transações relacionadas a imóveis e veículos são alguns dos 13 temas escolhidos para o desenvolvimento do Drex, envolvendo outras autoridades reguladoras.
Essas discussões englobarão entidades como o Operador Nacional do Sistema de Registro Eletrônico de Imóveis, o Conselho Nacional de Justiça e a Comissão de Valores Mobiliários.
O coordenador enfatizou a importância do regulador ao lidar com tecnologias emergentes, como os contratos inteligentes, que são geridos por terceiros participantes da rede.
“Se um contrato financeiro é complexo para os consumidores em sua linguagem original, imagine traduzi-lo para uma linguagem de programação”, observou o coordenador.
A governança, segundo ele, é fundamental para proteger os cidadãos que utilizarão esses novos instrumentos financeiros. “Pode parecer uma abordagem excessivamente cautelosa, mas sabemos que muitas pessoas não compreendem totalmente o mercado financeiro”, afirmou.
Com transações envolvendo imóveis e veículos realizadas através do Drex, espera-se um aumento na eficiência dos serviços e uma redução nos custos operacionais, já que os contratos inteligentes automatizam processos.
“Estamos continuamente ajustando a evolução do projeto para promover a democratização do acesso aos serviços financeiros”, destacou o coordenador.
Além de abordar casos que impactam a vida cotidiana, o Banco Central busca alternativas que possam impulsionar o mercado de crédito com o Drex.
Um exemplo é o crédito colateralizado, onde um empréstimo é garantido por um CDB tokenizado (digitalizado). Na fase de testes, essa proposta contará com a participação de grandes instituições financeiras.
A proposta permitirá que um cliente tome um empréstimo em um banco, utilizando como garantir um CDB tokenizado emitido por outra instituição, diversificando o acesso ao crédito. Para o coordenador, isso deverá facilitar o acesso ao crédito a juros mais acessíveis.
Embora a injeção de recursos na economia seja previsível, não se espera que haja um impacto significativo na política de juros.
“Não estamos mudando de paradigma, mas sim ajustando nossas abordagens. O mercado financeiro está sempre inovando”, comentou.
No ano passado, o Banco Central revisou o cronograma de testes do Drex, estendendo a primeira fase até maio, devido à mobilização de servidores que interferiu em algumas atividades.
Durante este período, o foco do Banco Central se voltou para o desenvolvimento da infraestrutura necessária, priorizando questões essenciais sobre outras preocupações secundárias, como a estruturação de sistemas contábeis.
Em 2025, o coordenador do desenvolvimento do real digital prevê a continuidade dos trabalhos, mesmo com a mudança na direção do Banco Central. A confirmação do novo indicado para a presidência está marcada para breve.
O coordenador afirmou que a maior parte do trabalho do piloto está sendo realizada sob sua supervisão, garantindo o suporte necessário para o avanço do projeto.