O clima de tensão dominou o primeiro debate do segundo turno em São Paulo, que ocorreu nesta segunda-feira (14) entre os candidatos Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB).
Durante um intervalo, a equipe de Nunes expressou preocupação com a proximidade de Boulos, enquanto o marqueteiro de Nunes, Duda Lima, teve um desentendimento com o mediador Eduardo Oinegue.
A campanha de Nunes alegou que Boulos estava infringindo as regras do debate, que proíbem gestos e toques entre os candidatos.
O mediador respondeu ao marqueteiro: “Não dirija a palavra a mim”.
O marqueteiro de Boulos, Lula Guimarães, elogiou a performance de seu candidato após o primeiro bloco, destacando a ironia com que Boulos se referiu a Nunes, questionando sua autoridade para falar sobre trabalho.
“É surpreendente você falar em trabalho, Ricardo, após tudo que o povo passou. Você realmente acha que tem autoridade moral para isso?”, retorquiu Boulos.
Lula Guimarães pediu que os apoiadores de Boulos vaiassem a equipe de Nunes quando esta aplaudia, evidenciando a tensão entre os grupos. A plateia de apoio a Boulos, sob a liderança da esposa de Boulos, Natália Szermeta, reagiu com gritos como “xiu” e “cala a boca”.
A resposta da equipe de Nunes foi a chamada para “respeito”.
Após perguntas de Boulos sobre investigações relacionadas a irregularidades em creches, ele questionou Nunes sobre a possibilidade de abrir seu sigilo bancário, com provocativos gritos de apoio da plateia.
A primeira-dama Regina Nunes demonstrou apoio ao marido, enquanto a plateia de Boulos entoou a frase “abre o sigilo” em coro.
No início do debate, Regina parecia alheia ao que ocorria, mas à medida que a discussão esquente, passou a aplaudir Nunes e criticar Boulos, chegando a se manifestar contra o adversário ao citar “mais votado das penitenciárias”.
O desempenho nas votações nos presídios foi uma estratégia utilizada pela campanha de Nunes como ataque a Boulos.
Momentos de descontração surgiram quando Boulos e Nunes se abraçaram após um acalorado debate.
Nunes chamou a atenção ao usar um spray para a garganta durante o debate, que segundo aliados, era necessário devido ao ar-condicionado do estúdio.
O candidato a vice de Nunes, Ricardo Mello Araújo (PL), assistiu ao debate em uma plateia predominantemente composta por apoiadores de Boulos e comentou que não se incomodava em estar distante de sua equipe de campanha. “Não tenho problema em me misturar”, brincou ele.
Após o primeiro bloco, Mello Araújo classificou o debate como “chatinho” e opinou que terminou empatado, mas nos blocos seguintes, considerou que Nunes se saiu melhor que Boulos.
Quando Boulos o mencionou, Mello Araújo permaneceu sério e não reagiu aos elogios de Nunes sobre sua trajetória, afirmando estar “acostumado a lidar com ladrão”.
Marta Suplicy (PT), vice de Boulos, manteve-se séria, mas aplaudiu quando Boulos criticou Nunes, afirmando que ele não poderia ser “papagaio do ex-presidente Jair Bolsonaro”.
A equipe de Boulos, que assistiu ao debate em um espaço exclusivo para convidados, avaliou positivamente o desempenho de seu candidato, que se concentrou em criticar a administração de Nunes nos últimos três anos, especialmente em relação a um recente apagão.