Em meio a previsões econômicas desafiadoras para o Brasil, especialmente no que diz respeito à área fiscal, a balança comercial de 2024 trouxe uma notícia positiva. O saldo comercial alcançou US$ 74,6 bilhões, embora tenha apresentado uma queda de 24,6% em comparação ao ano anterior, demonstrando a resiliência do comércio exterior brasileiro.
É comum que o superávit comercial caia quando há um aumento na demanda interna, geralmente impulsionada por gastos públicos.
Os dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicaram um cenário atípico. A agropecuária, tradicionalmente pilar das exportações do país, registrou uma queda de 11% devido à diminuição dos preços internacionais.
Essa redução impactou diretamente a queda de 0,8% nas exportações em relação ao ano anterior. No entanto, o expressivo montante de US$ 337 bilhões em embarques foi alcançado graças ao desempenho notável da indústria de transformação e do setor petrolífero.
As vendas de veículos, motores e outros produtos industriais, que estavam em declínio por duas décadas, atingiram US$ 181,9 bilhões, o maior valor desde 1997.
O petróleo, em ascensão desde 2016, superou a soja e o minério de ferro, tornando-se o principal produto exportado pelo Brasil, com vendas de US$ 44,8 bilhões em barris.
Mesmos com a expectativa de recuperação nos embarques de grãos e minérios nos próximos anos, as vendas de petróleo parecem estar pavimentadas para crescimento contínuo. Espera-se que a indústria de transformação também apresente bons resultados.
As importações cresceram 9%, totalizando US$ 262,5 bilhões em 2024. Esse aumento teve um papel significativo no crescimento de 3,3% na corrente de comércio e contribuiu para a produção e exportação do setor industrial.
Ainda que as importações tenham gerado um déficit setorial de US$ 56,8 bilhões, a maior integração às cadeias internacionais de valor é inegável e deverá trazer benefícios à economia de forma geral.
Apesar de não ter aliviado as contas externas como em 2023, que teve um superávit robusto de US$ 99 bilhões, a balança comercial do ano passado aponta para tendências positivas para 2025.
Entretanto, o próximo ano trará desafios adicionais, especialmente devido ao cenário protecionista sob a administração presidencial atual.