A situação em Cuba continua a apresentar desafios profundos, reforçando a ideia do renomado economista Milton Friedman de que a liberdade política e a liberdade econômica são interdependentes. A falta de medidas que promovam a liberdade econômica tem resultado em um ambiente no qual a cidadania é amplamente limitada, contribuindo para o fortalecimento de um regime autoritário.
Desde o colapso da União Soviética, a economia cubana enfrentou uma crise severa nos anos 90, levando o governo a diversificar a economia com foco no turismo. No entanto, a renúncia de Fidel Castro não trouxe as reformas necessárias para superar os problemas estruturais que afligem a nação.
A pandemia de Covid-19 agravou ainda mais a situação econômica, resultando em uma profunda escassez de produtos essenciais, desde alimentos até medicamentos. Com a inflação em alta, a cesta básica para os cubanos tornou-se extremamente limitada, composta apenas por 250g de chícharo, 250 ml de óleo, um pacote de café e cerca de 2,5 kg de arroz.
Nas ruas de Havana, muitos cubanos pedem ajuda a turistas em busca de alimentos e remédios. A agricultura enfrenta severas dificuldades devido à falta de sementes, fertilizantes e equipamentos, e a produção de açúcar, um dos pilares da economia, colapsou, com uma produção de apenas 300 mil toneladas em abril, comparado a quase 8 milhões de toneladas na década de 1980.
O PIB per capita despencou durante a crise sanitária e, até 2022, não havia se recuperado aos níveis anteriores a 2019. A população também enfrenta racionamento de combustíveis e energia elétrica, levando a uma série de blecautes que resultaram em protestos em março, os maiores desde 2021, quando milhares se manifestaram e foram reprimidos violentamente pelo regime.
O embargo imposto pelo governo dos Estados Unidos é frequentemente citado como uma causa da crise, mas na realidade, ele não tem promovido a transição de Cuba para a democracia e serve como um pretexto para o regime dominante. A verdadeira fonte da crise humanitária é o autoritarismo persistente de um governo que se mantém firme por mais de seis décadas, apesar do apoio que recebe de setores da esquerda em outros países.