A recente procura por “Fernanda Torres” disparou mais de 1000% nas últimas semanas, segundo o ranking de tendências do Google.
O clima de celebração em torno do Globo de Ouro remete a uma final de Copa. O reconhecimento das duas Fernandas, 25 anos após suas respectivas jornadas, gerou um sinal de esperança e alegria entre os fãs do cinema brasileiro.
A indicação de Fernanda Montenegro, que celebrou o prêmio com a frase “Bravo, minha filha. Bravo,” ressalta a relevância desta edição do Globo de Ouro, que também simboliza uma vitória para a representação feminina mais madura nas telas.
Das indicadas ao prêmio de melhor drama, estrelas como Angelina Jolie e Kate Winslet têm 49 anos, enquanto Nicole Kidman, Pamela Anderson e Tilda Swinton apresentam idades variando entre 57 e 64 anos, refletindo uma mudança significativa na percepção de papéis femininos em Hollywood.
Na mesma noite, Demi Moore, ao ser homenageada por seu papel em A Substância, fez um discurso tocante, mencionando o estigma enfrentado ao longo de sua carreira. “Naqueles momentos de insegurança, uma mulher me disse: ‘você nunca será suficiente'”. Este relato ecoa a luta enfrentada por muitas mulheres na indústria do cinema.
A apresentadora do evento, Nikki Glaser, destacou a disparidade entre os gêneros ao afirmar que enquanto uma mulher acima de 50 anos recebe o rótulo de “comeback”, homens na mesma faixa etária são apenas celebrados por serem papéis principais, desafiando a narrativa tradicional que marginaliza a mulher no cinema.
A análise do estudo “The Ageless Test” realizado nos Estados Unidos em 2020 destacou a escassez de protagonistas femininas com mais de 50 anos, revelando que as personagens eram frequentemente retratadas de maneira estereotipada. Com uma clara sub-representação, apenas 25% dos personagens acima de 50 anos eram mulheres nos blockbusters de 2019.
A atriz Geena Davis, que participou do estudo, enfatizou a importância de mostrar adultos maduros em narrativas diversas e reais, combatendo o estigma associado ao envelhecimento.
Jessica Lange, outra grande figura do cinema, comentou a dificuldade das atrizes de sua geração em encontrar papéis significativos. “Você vai para a televisão. Você vai para o palco. Você faz o que pode porque deseja continuar trabalhando”, afirmou, refletindo a realidade que muitas atrizes enfrentam atualmente.
A premiação do último domingo pode indicar um futuro diferente, onde os personagens femininos complexos, como Eunice, interpretada por Fernanda em “Ainda Estou Aqui”, desafiam os estereótipos. Eunice é uma figura autêntica, que enfrenta as realidades da vida com coragem e amor.
Essa narrativa forte e bem desenvolvida, contando com mãos apaixonadas como a de Walter Salles, destaca histórias de superação e representatividade feminina, mostrando que o cinema pode e deve refletir a diversidade da experiência humana.