A partir de 1º de outubro, as casas de apostas afiliadas à Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) proibirão o uso de cartões de crédito para jogos de azar online e apostas esportivas. A decisão foi anunciada em resposta a uma crescente preocupação sobre os gastos dos brasileiros em apostas, reforçada pela recente nota técnica do Banco Central.
Segundo a ANJL, houve consenso entre suas empresas associadas para antecipar essa norma, que inicialmente seria implementada a partir de janeiro de 2025. “Vamos recomendar a todos e encerrar qualquer operação com cartão”, declarou o presidente da ANJL. “Todos irão seguir a recomendação.”
A porcentagem de apostas realizadas por meio de cartões de crédito ainda é incerta, mas a ANJL, que inclui nomes notáveis como GaleraBet, F12 e BetFast, aponta que menos de 3% das apostas feitas por suas afiliadas utilizam esse método de pagamento. Portanto, o impacto da proibição pode ser limitado.
Essa medida de proibição é apoiada por varejistas e instituições bancárias, que expressam preocupações sobre o aumento da inadimplência associado ao uso de cartões de crédito. Uma pesquisa recente revelou que 86% dos apostadores brasileiros estão endividados, e 64% estão com restrições de crédito.
Na última terça-feira, o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, se reuniu com representantes de várias pastas do governo para discutir melhorias na regulação do setor de apostas online, incluindo a antecipação da proibição do uso de cartões de crédito.
Empresas como Bet365 e LeoVegas, que operam sob o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR), ainda não se posicionaram oficialmente sobre a nova normativa.
De acordo com uma análise do Banco Central, beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões em apostas esportivas via Pix em agosto, representando 20% do total repassado pelo programa no mês. No total, foram identificados R$ 21,1 bilhões em apostas via Pix, considerando todos os apostadores.
Os números refletem apenas as transações feitas através do sistema de pagamentos instantâneo do BC e não incluem valores pagos por outros meios, indicando que os gastos podem ser ainda maiores.
As novas projeções para o volume bruto de apostas em 2024 superam estimativas anteriores do Ministério da Fazenda, com valores já ultrapassando R$ 200 bilhões apenas em transações via Pix.
Autoridades do ministério destacam a falta de dados precisos sobre o mercado, que é relativamente novo no país, dificultando a mensuração exata do seu potencial.