Pelo segundo ano consecutivo, o Brasil ocupa a segunda posição, atrás apenas da Colômbia, no ranking de assassinatos de defensores ambientais. Em 2023, foram registrados pelo menos 196 assassinatos globalmente, resultando em uma média de mais de um crime a cada dois dias.
No Brasil, foram 25 murders, enquanto a Colômbia registrou 79, o maior número já documentado em um país em um único ano, segundo um relatório recente da Global Witness, divulgado na noite de 9 de outubro.
A América Latina se destacou como a região mais afetada, contabilizando 166 mortes, o que representa 85% do total global. Quando avaliadas as taxas per capita, Honduras se destacou com 18 ataques letais, a maior taxa do mundo.
Embora o Brasil tenha experimentado uma redução de 26% nos assassinatos de defensores em comparação a 2022, onde foram contabilizados 34 assassinatos, ainda há uma grande preocupação. Os dados utilizados foram coletados pela CPT (Comissão Pastoral da Terra).
O relatório aponta que havia grandes expectativas quanto ao governo atual em reverter retrocessos em políticas que favoreceram a exploração de recursos naturais e invasões em áreas protegidas durante a gestão anterior. O governo reestabeleceu financiações para a proteção da Amazônia e restaurou a agência de assuntos indígenas que havia sido desmantelada.
Entretanto, as mudanças políticas permanecem desafiadoras, especialmente com um Congresso conservador que apoia interesses de proprietários de terras privadas em detrimento de reformas agrárias.
Os conflitos no campo também apresentaram um aumento alarmante no Brasil, somando 2.203 ocorrências em 2023. A maioria desses conflitos (1.724) está relacionada a invasões, expulsões e ameaças sofridas por pequenos agricultores e comunidades indígenas.
Desde 2012, o Brasil registrou 401 mortes de defensores ambientais, enquanto o total global atingiu 2.106. O relatório destaca que os ataques letais frequentemente ocorrem junto a retaliações por parte de governos e empresas, envolvendo intimidação, violência e campanhas difamatórias.
A ONG também indica que os dados podem ser subestimados, visto que muitos homicídios permanecem não reportados, especialmente em áreas rurais.
A Colômbia, com 461 assassinatos, lidera como o país com o maior número de mortes documentadas nos últimos 11 anos. O relatório menciona que conflitos armados e disputas de terras agravam a situação de muitas famílias.
Em outubro, a Colômbia sediará a COP16, a convenção da ONU sobre biodiversidade, com promessas de incluir os defensores ambientais nas discussões.
Os povos indígenas e afrodescendentes foram desproporcionalmente afetados, representando 49% dos homicídios globais no último ano. Desde 2012, 766 indígenas foram assassinados, refletindo a crescente luta por terras e a violência associada a isso.
A violência contra defensores ambientais também é um problema nas Nações da Ásia, onde 468 defensores foram assassinados nos últimos 11 anos, a maioria nas Filipinas.