Uma equipe internacional de pesquisadores revelou um novo componente do sistema nervoso periférico que desempenha um papel crucial no aumento do metabolismo energético do corpo. Essa descoberta pode levar ao desenvolvimento de medicamentos mais acessíveis e eficientes para o controle da obesidade, independentemente da quantidade de alimentos consumidos.
No artigo publicado recentemente, cientistas destacam a identificação deste componente e sua ação sobre o gasto energético e calórico, mediada pelo neuropeptídeo Y (NPY). Este neurotransmissor, amplamente estudado no sistema nervoso central, agora mostra efeitos importantes no sistema nervoso periférico e nas células de gordura, que ajudam a proteger o corpo da obesidade.
“A identificação deste novo componente abre novas perspectivas para o desenvolvimento de medicamentos que podem ser mais simples e eficientes para o tratamento da obesidade. Ao contrário dos fármacos atuais que agem no cérebro, a nova abordagem terapêutica não precisa ser uma molécula grande ou ultrapassar a barreira hematoencefálica, simplificando o desenvolvimento de novas drogas”, explica um dos principais pesquisadores do estudo.
O sistema nervoso periférico é dividido em dois grupos principais: somático e autonômico. O somático regula movimentos voluntários e sensações, enquanto o autonômico controla funções automáticas como batimentos cardíacos e pressão arterial, adaptando-se a situações de estresse.
Os resultados demonstraram que o NPY atua em um terço dos nervos simpáticos do corpo, promovendo a geração de novas células adiposas que são essenciais para a termogênese, um processo que queima energia e gera calor.
Os adipócitos marrom e bege, ao contrário do tecido adiposo branco que armazena gordura, desempenham um papel benéfico no metabolismo, utilizando a gordura armazenada para produção de calor.
No laboratório, os cientistas também descobriram que a liberação do NPY ocorre nas sinapses em contato com as células murais, que são precursoras do tecido adiposo marrom, fundamental para o metabolismo.
Os experimentos com camundongos geneticamente modificados mostraram que a ausência de NPY levou ao aumento da obesidade e dificuldades na regulação da temperatura corporal, além de distúrbios metabólicos como predisposição ao diabetes. Animais que mantiveram a expressão de NPY, mesmo com a mesma quantidade de alimento, apresentaram proteção contra a obesidade.
Os pesquisadores observaram que o NPY atua de maneira diferente no sistema nervoso central e periférico—no cérebro, promove a sensação de fome, enquanto na periferia aumenta o metabolismo, auxiliando na queima de gordura.
A nova descoberta sobre o NPY oferece uma perspectiva importante para abordar a obesidade e sugere que a dissipação de energia pode ser um fator mais relevante do que o apetite em alguns indivíduos. Essa pesquisa abre caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos medicamentosos que visam aumentar o metabolismo e a queima calórica.