PEQUIM, CHINA – O vice-primeiro-ministro da China, He Lifeng, dialogou por 30 minutos com o novo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, a pedido deste, segundo a estatal CCTV. He expressou sérias preocupações em relação às tarifas impostas pelos EUA e outras medidas restritivas direcionadas à China.
Em comunicado do Departamento do Tesouro dos EUA, Bessent também levantou preocupações significativas, mencionando questões como fentanil e desequilíbrios econômicos. Ele reafirmou o compromisso do governo em implementar políticas comerciais que protejam a economia americana e a segurança nacional.
Antes da conversa, que ocorreu na noite na China e de manhã nos EUA, Bessent já havia anunciado sua intenção de discutir a origem dos ingredientes do fentanil, relacionados à atual crise de consumo de drogas nos Estados Unidos, e a tarifa de 10% imposta ao país. No entanto, seu primeiro ponto de discussão seria a busca por uma colaboração mútua.
De acordo com a CCTV, He e Bessent realizaram uma discussão aprofundada sobre questões econômicas fundamentais. O Conselho de Estado chinês mencionou que ambos reconheceram a importância das relações econômicas e comerciais entre a China e os EUA, além de concordarem em manter uma comunicação contínua sobre questões de interesse mútuo.
He, que lidera o debate econômico no país, teve um diálogo constante com Janet Yellen, a antecessora de Bessent, e deve continuar esse papel nas interações com a administração atual dos EUA.
A conversa se seguiu a declarações do presidente dos EUA, que indicou a possibilidade de um novo acordo comercial com a China, semelhante ao que foi assinado durante sua primeira administração. O presidente destacou que era possível fazer com que a China comprasse cerca de US$ 50 bilhões em produtos americanos, apontando que a administração anterior não impôs a mesma pressão sobre isso.
O Ministério do Comércio da China, em resposta, reiterou que as ameaças recentes do presidente para implementar tarifas recíprocas são uma manifestação de protecionismo e unilateralismo.
O porta-voz do ministério argumentou que a postura dos EUA não só infringe as regras da Organização Mundial do Comércio, mas também desrespeita o equilíbrio de interesses que foi alcançado ao longo dos últimos 80 anos no sistema multilateral de comércio e que os Estados Unidos historicamente se beneficiaram do comércio internacional.
Em uma carta anterior ao novo secretário do Comércio americano, Howard Lutnick, o ministro do Comércio chinês, Wang Wentao, enfatizou que a imposição de tarifas pelos EUA sabota a cooperação econômica e comercial entre os dois países.