O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, recebeu uma advertência do ministro Alexandre de Moraes devido a omissões e contradições identificadas pela Polícia Federal durante a investigação da tentativa de golpe que visava impedir o início do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A cobrança de informações verdadeiras por parte de Moraes ocorreu em uma audiência realizada em novembro do ano passado, onde a validade da delação e os benefícios foram reafirmados após Cid confirmar todas as acusações contidas em seu depoimento.
O depoimento, que estava sob sigilo, foi revelado nesta quarta-feira (19) após a Procuradoria-Geral da República apresentar denúncia contra Bolsonaro e outros 33 envolvidos no inquérito sobre o golpe.
Durante a audiência, que aconteceu em 21 de novembro de 2024, Moraes confrontou Cid, mencionando que a PF havia encontrado “uma série de omissões e contradições” em seus anteriores depoimentos, incluindo tentativas de atenuar as acusações contra Bolsonaro.
A convocação da audiência se deu após Cid negar, dias antes, à PF, que Bolsonaro tivesse conhecimento do plano golpista que visava assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e Moraes.
Entretanto, a Operação Contragolpe aponta que uma reunião da conspiração ocorreu na residência do general Braga Netto, em Brasília, em 12 de novembro de 2022, com a participação de Cid.
O ministro ressaltou que esta era uma nova oportunidade para que Cid fornecesse informações verídicas.
“Diversos documentos foram anexados ao processo, incluindo mensagens de celulares e novos laudos, demonstrando uma série de omissões e contradições. Com respeito, afirmo que existe uma série de mentiras na colaboração premiada”, declarou Moraes.
O ministro também destacou que Cid tinha um parecer desfavorável da PGR, sugerindo seu retorno à prisão devido às omissões nos depoimentos e a possibilidade de revogação de seus benefícios.
“Novas contradições não serão toleradas. Quero que ele revele tudo o que sabe, especialmente em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro e às lideranças militares mencionadas, como os generais Braga Netto, Heleno, Paulo Sérgio, Ramos e outros que ele conhecer”, concluiu Moraes.
Cid reafirmou todas as acusações contra os envolvidos e os benefícios foram mantidos.