Cerca de 1 em cada 10 novos casos de diabetes tipo 2 e 1 em cada 30 novos casos de doenças cardiovasculares globalmente em 2020 foram atribuídos ao consumo de bebidas adoçadas, como refrigerantes e sucos industrializados, conforme um estudo recente publicado na revista Nature.
Em 2020, 2,2 milhões de novos casos de diabetes tipo 2 e 1,2 milhão de casos de doenças cardiovasculares foram relacionados ao consumo dessas bebidas em todo o mundo, representando 9,8% e 3,1% de todos os casos, respectivamente.
Os pesquisadores estimam que 80.278 mortes por diabetes tipo 2 foram associadas ao consumo de bebidas adoçadas em 2020, representando 5,1% do total de óbitos. Além disso, 257.962 mortes por doenças cardiovasculares foram atribuídas ao consumo desses produtos, correspondendo a 2,1% do total.
Os resultados do estudo são baseados em estimativas modeladas em 184 países do Global Dietary Database, que foi alimentado com dados sobre hábitos alimentares e taxas de obesidade e diabetes.
Um dos pesquisadores do estudo apontou que, embora o número de mortes atribuídas ao consumo de bebidas adoçadas seja alarmante, os governos ainda não implementam políticas públicas suficientes para combater esse problema.
“Atualmente, as bebidas adoçadas com açúcar são responsáveis por mais de 330 mil mortes globalmente a cada ano, além de milhões de novos casos de diabetes e doenças cardiovasculares. Apesar disso, pouco tem sido feito”, declarou.
A pesquisa também destaca que a América Latina e o Caribe apresentam uma alta incidência de doenças cardiometabólicas associadas ao consumo de bebidas adoçadas, indicando um cenário preocupante nesse contexto.
Em 2020, essas regiões registraram o maior percentual de casos atribuídos ao consumo de bebidas adoçadas, com 24,4% para diabetes tipo 2 e 11,3% para doenças cardiovasculares, de acordo com o estudo.
Além disso, o estudo revelou que adultos com educação média e alta em áreas urbanas e rurais na América Latina e Caribe apresentaram as mais elevadas proporções de casos vinculados ao consumo dessas bebidas, com um consumo médio de 248 g por semana naquele ano.
Especialistas alertam que a indústria alimentícia vem aumentando a quantidade de açúcar em seus produtos, criando um vício de paladar desde a infância, que leva ao consumo excessivo de calorias e ao desenvolvimento de diabetes.
Os refrigerantes estão entre os produtos mais prejudiciais, pois não só contêm açúcar como também outras substâncias químicas que afetam a saúde. É importante notar que todas as bebidas adoçadas, incluindo sucos e chás, podem ser prejudiciais.
O elevado teor de açúcar em bebidas adoçadas contribui para o aumento da glicose no sangue, podendo levar a doenças como diabetes tipo 2 e hipertensão, além de estar associado ao surgimento de doenças cardiovasculares.
Tributação maior pode reduzir consumo
Para combater o consumo de bebidas adoçadas em escala global, defende-se a implementação de uma tributação significativa sobre esses produtos, com o objetivo de aumentar os preços em pelo menos 20%.
Esses tributos devem ser calculados com base no conteúdo de açúcar, não apenas no volume, incentivando a indústria a reformular seus produtos para reduzir a quantidade de açúcar.
No Brasil, um projeto de regulamentação da reforma tributária atualmente está sendo considerado, que inclui as bebidas adoçadas sob o Imposto Seletivo, conhecido como “imposto do pecado”, que incide sobre produtos prejudiciais à saúde.